"Ser feliz é uma actividade que requer toda uma vida e não pode existir em menos tempo" - Aristóteles, Ética a Nicómaco
sábado, 12 de março de 2022
Aproximações à verdade XVI
quinta-feira, 10 de março de 2022
Como só a harmonia consegue
Quem há-de dizer
Com todas as letras
Para as estrelas
E daí
Obter resposta
Numa língua que não existe
Aplacar em letra morta
O silêncio
Pisar escombros com a planta dos pés
E como antídoto ensurdecer
Com sofismas
Para dores fantasmáticas
Em doses homeopáticas
Diluídas na metafísica
Do maravilhoso aquário
De argumentos
Sem se molharem
Sem afundarem
Patinando artisticamente sobre uma superfície gelada
De postulados cosmológicos
E imunes às forças opostas
Como só a harmonia consegue
Em parcimoniosos compassos
Ou bélicas coreografias
Quem há-de sacrificar
Tudo o que resta
O que importa salvar
Não é a verdade
Nem do que sabemos
Nem do que dizemos
É o que somos
E o que fazemos
É o que as coisas são
Até se tornarem noutras coisas
Que não reconhecemos senão
Na nossa visão
Por mais desculpável que seja
A nossa falta de visão
Por mais que se agigante
O espectro da invisibilidade
Na luta que se encarniça de olhar para si mesma
Como inimiga
Que não pode evitar
Nem vencer
Nem servir de alimento a uma letra
Para não dizer pomba
Morta
Da paz.
quinta-feira, 3 de março de 2022
Devia ser proibido mandar fazer guerra
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2022
Problema de cepticismo
Todos temos a faculdade e a aptidão para constatar realidades e para escolher e defender aquilo que, em muitos casos, corresponde a factos naturais ou descreve com objectividade as coisas, ou conclui de modo válido uma argumentação, ou análise, ou subsunção, sobre a realidade, natural ou cultural.A própria linguagem verbal é um repositório, ou reservatório, ou acúmulo, ou acervo, ou memória dinâmica, de verdades à espera de serem comprovadas.Há sempre aquele problema, que é um problema de cepticismo inerente às condições das possibilidades de comunicação, que se instala entre a subjectividade e a objectividade e que a comunicação não resolve, nem consegue ultrapassar.Tomemos, por exemplo, dois indivíduos que reconhecem que um objecto é matéria de determinadas características, que levam a caracterização dessa matéria até ao infinitamente infinitesimal, ou até ao ponto em que o objecto já deixou, há muito, no encadeamento da análise, de ser o que tinha começado por parecer. Ambos podem estar de acordo quanto ao ser o que é, e não haver controvérsia. Mas tanto não basta, porque ainda falta provar que estão certos. Não quer dizer que não estejam certos, mas a questão do conhecimento, da verdade da crença, não é tão simples como confiar nas evidências.
sábado, 29 de janeiro de 2022
Não conhecemos nada fora da natureza
domingo, 23 de janeiro de 2022
O movimento como causalidade de tudo
O tempo é um tema fascinante, que nunca cansa, nem passados milhões de anos, qualquer que seja o instrumento de medida que se adopte, admitindo, no entanto, que o tempo do relógio é o menos relevante na perspectiva do poeta e da abelha e da mosca e do covid-19 e dos dinossauros...
Mas o tempo dos relógios e da velocidade, da clepsidra e da tartaruga são outras formas de movimento... Estamos imbuídos de sentidos do tempo e do espaço, como as águias e as pombas, os golfinhos e as sardinhas, mas as estrelas e as galáxias, de que fazemos parte, não têm tempo.
O tempo, nesta acepção física de realidade, não existe.
O tempo é biológico.
O que existe é o movimento.
Nada do que existe, incluindo o tempo (parece contraditório com o que disse), não existiria sem movimento.
E eu pergunto-me se é sequer concebível, imaginável, que deixe alguma vez de ser tudo movimento.
sábado, 15 de janeiro de 2022
Qual a causa do movimento que causa tudo?
O pessimismo e o optimismo não são variáveis que o Newton ou o Einstein pudessem analisar através de um prisma, como se faz com a luz, ou que os niilistas pudessem descartar como irrealidades, fazendo tábua rasa do sofrimento e da morte, como se não existissem, ou que os realistas não entendessem como manifestações da mesma física que parece estar em tudo e por detrás de tudo, por nada haver que não seja físico, incluindo o pensamento mais estúpido ou o sentimento mais incompreensível.
Atrevo-me a pensar que, se há algo sem o qual nada aconteceria e tudo o que acontece deixaria de acontecer, esse algo é o movimento. Sem movimento haveria causalidade? Haveria alguma coisa?