segunda-feira, 20 de julho de 2020

Pensamento crítico

Pensar é difícil, dá muito trabalho e pode ser frustrante, sobretudo quando se pensa com a própria cabeça, com alguma independência e liberdade. 
A sociedade tem vindo a "dispensar" a necessidade e o esforço de as pessoas pensarem pela própria cabeça, como se isso fosse uma forma de facilitar a vida a toda a gente. 
Basta ser adepto de um clube, de uma seita, de um partido, ou um sindicato, de uma fé, ou corrente filosófica, para, do ponto de vista do pensamento, ter todas as dificuldades e dúvidas resolvidas. 
Dentro de cada uma dessas bandeiras funciona um sistema de argumentação que é adoptado acriticamente pelos seus adeptos e que parece satisfazer todas as suas necessidades de conhecimento. 
Quando o indivíduo está inserido, ou tem preferências, numa corrente, grupo, igreja, seita, clube, partido, mercado...não podemos esperar qualquer pensamento crítico do mesmo, porque ele já tomou a sua posição relativamente aos problemas. 
Ainda que seja capaz de questionar a posição dos outros, o mais provável é que não se coloque a si mesmo em questão.

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Dentro das capelas de muitas disciplinas.

Os processos de aprendizagem não são menos complexos do que os processos de ensino e não existe grande correspondência entre uns e outros. Todas as disciplinas se perfilam na linha do pensamento crítico, do domínio da linguagem e de algum modo ou tipo de conhecimento funcional. Mesmo que os resultados não sejam imediatos, podem aparecer dezenas de anos mais tarde, vale sempre a pena apostar e investir na provisão de dados e de informações sobre a realidade, individual, social, física...
Promover nos estudantes hábitos de pensamento científico é fundamental, mas muitos têm dificuldade em integrar o método científico nos seus processos de abordagem e análise da realidade. As coisas não são simples quando tudo se passa num plano de linguagem, que é preciso dominar. As várias disciplinas, no modo como são enquadradas e posicionadas, induzem logo a considerar diferenças que perturbam no único e fundamental objectivo de todas elas, qual seja, o de proporcionarem o acesso mais adequado e fecundo possível ao conhecimento, seja de que matéria for.
A escola e as suas disciplinas não devem estar estruturadas por forma que sejam o processo pior (mais difícil, complexificador) possível de chegar ao conhecimento, seja de que matéria for.
Por exemplo, nós usamos os métodos de conhecimento, muito antes de nos dizerem que esses métodos são dedutivos, ou indutivos, científicos, empíricos, racionais, etc..
Por outro lado, nas ciências físicas, não raro, ficamos com a sensação de que nos querem dizer que foram os cientistas que criaram o sistema solar, a gravidade, ou a electricidade, etc..
Ainda há imenso pensamento encriptado, reverencial, sacerdotal e esotérico dentro das capelas de muitas disciplinas.