tag:blogger.com,1999:blog-3993929669151952522024-03-16T21:06:51.462+00:00ESCRITOS online"Ser feliz é uma actividade que requer toda uma vida e não pode existir em menos tempo" - Aristóteles, Ética a NicómacoCarlos Ricardo Soareshttp://www.blogger.com/profile/03079231328814280040noreply@blogger.comBlogger327125tag:blogger.com,1999:blog-399392966915195252.post-87435941437090729892024-03-11T22:06:00.006+00:002024-03-16T21:06:19.146+00:00Como deve ser<div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span><br /></span><span>Estamos habituados, culturalmente, socialmente, familiarmente, a que nos obriguem e nos digam o que devemos ou não fazer. Se há uma característica essencial ao ser
humano é a de, quando atua, em consciência, em inúmeras situações com implicações sociais, não poder deixar de escolher entre possibilidades que não são
indiferentes do ponto de vista da avaliação, ou dos valores sociais e respetivas consequências, quer para o próprio, quer para os outros. Em inúmeras situações, por outro lado,
a premência da escolha não envolve nenhum problema dessa ordem. <br /></span><span class="tm6"><span>Os problemas surgem sempre que, numa situação de escolha, o indivíduo deixe de ter vantagens se escolher “errado”.
Pode ser uma situação que envolva uma operação meramente lógica, ou de pura aritmética, ou uma situação que envolva outro comportamento propriamente dito, com implicações
éticas, estéticas, económicas, desportivas, lúdicas, do trato social, em geral, ou das relações sociais particulares. <br /></span></span><span class="tm6"><span>Destas considerações eu retiro a ideia de que é
pelos atos e apenas por estes que o indivíduo é responsável, o que condiz, aliás, com a prática geral das opiniões e dos julgamentos que vemos fazer, e é responsável
na medida em que tinha o dever de agir de certa maneira, como devia ser. Isto tem o problema de dever saber antecipadamente o que deve ser a escolha e o problema de fazer essa escolha. Mas, do ponto de vista do fundamento,
digamos, da ética, o problema é o de saber, se é que isso é possível, as razões do dever-ser, que não sejam razões práticas. E mais, se esse dever-ser, como está
estipulado, é como deve ser e na perspetiva de quem. <br /></span></span><span class="tm6"><span>Neste ponto, quando dizemos que o próprio ser deve ser o que é, já estamos rendidos ao imperativo do dever-ser como algo que não é,
ou ainda não é, mas deve.<br /></span></span><span class="tm6"><span>Então, e numa conclusão esquemática, mas que tenho bem ponderada, para não me alongar mais, direi que, nem a ciência, nem a filosofia, e não
apenas os comportamentos humanos, não estritamente cognitivos e intelectuais, escapam à regência, ou deixam de estar sob a égide da ética, no sentido de dever-ser. <br /></span></span><span>E, assim, quero dizer que
os comandos normativos e os mandamentos, qualquer que seja a atribuição da sua legitimidade e autoria, eles mesmos também não escapam à necessidade lógica, de verdade, de retidão,
de direito, de serem, em suma, como deve-ser.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span><br /></span><span><span> </span><span>Carlos Ricardo Soares</span></span></span></div>
Carlos Ricardo Soareshttp://www.blogger.com/profile/03079231328814280040noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-399392966915195252.post-41925873748649540412024-02-05T23:55:00.003+00:002024-02-05T23:55:31.194+00:00O melhor teste de inteligência<div style="text-align: left;"><span class="tm7"><span style="font-size: medium;">Karl Marx seria contra a apropriação privada do marxismo e o primeiro a dizer que a inteligência varia na razão inversa do fanatismo. Aliás, ele
não desdenharia de uma boa teoria marxista acerca do fenómeno do futebol. </span></span></div><div style="text-align: left;"><span class="tm7"><span style="font-size: medium;">É mais fácil venerar santos do que seguir-lhes o exemplo. </span></span></div><div style="text-align: left;"><span class="tm7"><span style="font-size: medium;">Tive um professor que dizia que o melhor teste de inteligência
era o teste de fanatismo. </span></span></div><div style="text-align: left;"><span class="tm7"><span style="font-size: medium;">Para descobrir um fanático bastava nomear o objeto da sua devoção, ele manifestava-se logo. </span></span></div><div style="text-align: left;"><span class="tm7"><span style="font-size: medium;">Nós perguntávamos: que se pode fazer contra um fanático? Ele respondia:
contra? Nada. Podemos ajudá-lo a perceber, por exemplo, que “chapéus há muitos”. </span></span></div>Carlos Ricardo Soareshttp://www.blogger.com/profile/03079231328814280040noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-399392966915195252.post-35127400047178406072024-01-30T16:04:00.004+00:002024-01-30T16:04:56.728+00:00As palavras que o digam. Sempre as palavras<div style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><span class="tm8">O poema é inspirador e não há poema que não seja inspirador. Quem quiser dissertar acerca da inspiração
e da transpiração, esteja à vontade. A mim, fez-me pensar, outra vez e sempre, nas palavras e na vida das palavras, no seu poder.<br /></span><span class="tm8">As palavras, sempre as palavras. Depois dos gestos. Depois dos atos.
O ato/facto da palavra. Pensada. Falada. Escrita. Subentendida. Induzida. Sugerida. Ouvida. Lida. Adivinhada. Encontrada. Arrebatada. A talho de foice. Desbocadas. Conspurcadas. Mal intencionadas. <br /></span><span class="tm8">As palavras são o
oceano pelo qual comunicamos sem deixarmos de estar isolados. As palavras bem intencionadas são as piores, porque são cavalos de tróia, bombas ao retardador.<br /></span><span class="tm8">Vivemos num mundo de palavras que tentam,
mas não olvidam, os gestos, os atos, os factos. <br /></span><span class="tm8">Contra factos, não há palavras? Ou, contra palavras não há factos?<br /></span><span class="tm8">Os argumentos não se deixam substituir por palavras, mas há
palavras que valem mais do que mil argumentos.<br /></span><span class="tm8">Quanto aos factos, as palavras que o digam.</span></span></div><p class="Normal tm6 tm7"><span class="tm8"></span></p>Carlos Ricardo Soareshttp://www.blogger.com/profile/03079231328814280040noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-399392966915195252.post-7116750963938249532024-01-23T15:16:00.004+00:002024-01-23T15:16:32.686+00:00Ricos e pobres<div style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><span class="tm8">Ideologias, igrejas, seitas, clubismos, comunismos, fascismos aparte, sem entrarmos em discussões, mais ou menos extremadas, apaixonadas, enviesadas,
políticas, podemos constatar que ninguém é obrigado a ser rico mas, para imensas pessoas, ser pobre é uma condição da qual não podem sair.<br /> </span></span><span style="font-size: medium;"><span class="tm8">Assim como ninguém é obrigado a ser rico, ninguém devia ser obrigado a ser pobre.<br /> </span></span><span style="font-size: medium;"><span class="tm8">Por outro lado, os ricos não precisam de quem se manifeste e lute por eles, não precisam de um escol de filósofos a argumentar em defesa
da sua causa, porque os ricos nem sequer têm uma causa porque não precisam e não há a causa dos ricos.<br /> </span></span><span style="font-size: medium;"><span class="tm8">Isto lembra-me a aberração daqueles que se esmifram todos a argumentar e a defender, com a própria vida, Deus. Se Deus existisse, talvez
esta fosse uma daquelas situações em que ele seria implacável com a pouca fé dos humanos.<br /> </span></span><span style="font-size: medium;"><span class="tm8">O que é preocupante e lamentável é que, sempre que alguma verdade dói, sempre que alguém enfia o barrete, o assunto deixa
de ser filosófico, ético, ou ético-jurídico, para ser político, como se as discussões filosóficas e éticas não passassem de inócuos entretenimentos lúdicos,
sem consequências. E quando os problemas são políticos, caímos sempre naquele impasse, só existe a causa dos pobres e quando ela se torna também, por variadas razões, uma causa
dos ricos, normalmente já se está a viver um processo revolucionário ainda mais inquietante.</span></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><span class="tm8"><br /></span></span><span style="font-size: medium;">Carlos Ricardo Soares</span></div>
Carlos Ricardo Soareshttp://www.blogger.com/profile/03079231328814280040noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-399392966915195252.post-82074805777109810572024-01-14T11:44:00.002+00:002024-01-14T11:44:38.092+00:00Conhece-te a ti mesma<div style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><span class="tm7">O maior desafio, para compararmos uma máquina “pensante” a um humano pensante, em meu entender, está em apurarmos o que é um
pensamento, um processo neurológico de pensamento e como esse processo físico se replica ou reflete (não como num espelho, mas reflexo dinâmico, construído) sobre si mesmo sem se repetir jamais.<br /></span><span class="tm7">O
“cogito, ergo sum” de Descartes não nos ajuda a responder ao desafio, nem nos remete para as três leis da lógica ou leis clássicas do pensamento, embora elas estejam implicadas naquela
frase. Distinguir e analisar o pensamento humano como processo de atos pensantes, se é que o é, o que são atos e o que é “pensante” está mais em linha com o conselho, advertência,
"conhece-te a ti mesmo", atribuída ao filósofo grego Sócrates, do que com a sua, igualmente célebre, filosofia “só sei que nada sei”. Embora o pensamento tenha uma natureza
reflexiva sobre si mesmo, o pensamento está para o seu reflexo numa ordem de precedência e o seu reflexo é algo descontínuo, memorizado, que interrompe aquele e dá lugar a outro.<br /></span><span class="tm7">O “conhece-te
a ti mesmo” é da ordem introspetiva, sem deixar de ser da ordem do conhecimento, mas da estrutura e do processo que gera esse conhecimento. O “só sei que nada sei” é da ordem da linguagem,
da análise lógica e epistemológica da formulação do pensamento/ideias.<br /></span><span class="tm7">No “conhece-te a ti mesmo” o objeto faz parte da incógnita, ou seja, o ti mesmo é o objeto
de um conhecimento que se pretende, mas um e outro, objeto e conhecimento, são indissociáveis e são também reflexo um do outro, mas não como num espelho. São um reflexo construído,
dinâmico e não fixo.<br /></span><span class="tm7">Além disso, neste caso, o objeto de conhecimento (indeterminado e indefinido) é da ordem do “existir”, da existência, da realidade (coisa), enquanto que,
em “só sei que nada sei”, se trata de uma declaração formal e abstrata, que vale pelo significado e pela lógica que pode ter, sendo da ordem do “ser”, da essência,
do conhecimento, da linguagem, do pensamento objetivado, verbalização.<br /></span><span class="tm7">Enquanto os humanos pensam com imensa espontaneidade e liberdade, sempre numa condição de existência, em constante
e inevitável contingência biológica evolutiva, autores do seu pensamento, sobre a sua existência cujo modo de ser é pensar (relembro as leis do pensamento que referi no início) e cuja
condição é viver ininterruptamente e, quando conscientes, decidindo e escolhendo (num quadro de possibilidades) o que lhes proporciona satisfação, a IA não.<br /></span><span class="tm7">O dever-ser é
a antevisão, a representação antecipada daquilo que ocorrerá, acontecerá, será consequência, efeito, da escolha, do ato que a realiza ou corporiza. Essa representação
não é arbitrária e tem como princípio ativo, vital, homeostático, a sobrevivência, que é uma forma de egoísmo, mas não se confunde com egoísmo em sentido
ético.<br /> </span><span class="tm7">A IA não pensa em função da sobrevivência e do risco que corre. A avaliação que faz é meramente numérica
e quantitativa, ou lógica. É capaz de simular egoísmo ou altruísmo, como simula outros cálculos e, porventura, sentimentos. E se for capaz de simular Verdade e Direito, duvido que seja capaz
de o reconhecer.<br /> </span><span class="tm7">Perguntarmos o que é Verdade, Direito, talvez a resposta seja surpreendente: é o que não deve ser outra coisa, ou, é o que deve ser
e não outra coisa.<br /> </span><span class="tm7">Retomamos neste ponto Descartes e as problemáticas dos existencialistas, mormente em torno da existência e da essência. Não tenho esperança
de que a IA pense como eu, nem que ela pense que eu venha a pensar como ela.<br /> </span><span class="tm7">Por isso, aliás, apetece-me aconselhar e advertir a IA, como o faziam os antigos pensadores: “conhece-te a ti mesma”.</span></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><span class="tm7"><br /></span></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><span class="tm7">Carlos Ricardo Soares</span></span></div><p class="Normal tm6"><span class="tm7"></span></p>
<p class="Normal tm6"><span class="tm7"></span></p>
<p class="Normal tm6"><span class="tm7"></span></p>
<p class="Normal tm6"><span class="tm7"></span></p>
<p class="Normal tm6"><span class="tm7"></span></p>Carlos Ricardo Soareshttp://www.blogger.com/profile/03079231328814280040noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-399392966915195252.post-88308832668862462962024-01-01T22:34:00.002+00:002024-01-05T13:01:32.682+00:00Memória do amor<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">Efígies indistintas </span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">à garupa de camelos enigmáticos </span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">buscam os signos erráticos</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">de sortilégios de meias tintas</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">em declarações proscritas</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">de magos mumificados </span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">pelo nevoeiro denso</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">exibem ouros defumados</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">e o cheiro não é de incenso </span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">vindo de todos os lados</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">que impele os eruditos a arejar</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">num deserto imenso pela frente</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">para trás o que não sabem explicar</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">em fila ordeira sem virar os olhos</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">mais cautelosos do que aventureiros</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">que não levam desejo de voltar</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">nem lhes pesam esperanças</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">ou medo do que encontrarão</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">o que levam na memória </span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">não se sabe senão</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">do que fica na memória </span></span></h4><h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">o amor </span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">e das saudades que terão</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">ainda menos se sabe</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">porque nem eles saberão</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">que misérias e tormentos carregam</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">ou que riquezas</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">que não conheciam</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">para trás delegam</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">tantas incógnitas na poeira</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">inexprimíveis aliás</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">passam em caravana </span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">de equívocos </span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">transpondo </span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">fronteiras de credos</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">e nenhuma tentativa</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">para evitar </span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">passatempos de alfândegas </span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">da fé</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">da morte</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">como passaporte.</span></span></h4><div><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></span></div>
<p class="Normal"><span style="font-size: medium;"> Carlos Ricardo Soares</span></p>Carlos Ricardo Soareshttp://www.blogger.com/profile/03079231328814280040noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-399392966915195252.post-76047677160533818552023-12-22T00:14:00.001+00:002023-12-22T00:14:11.275+00:00O fotógrafo<div dir="auto" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; white-space-collapse: preserve;"><span style="font-size: medium;">Caiu neve</span></div><div dir="auto" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; white-space-collapse: preserve;"><span style="font-size: medium;">e tudo branqueou</span></div><div dir="auto" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; white-space-collapse: preserve;"><span style="font-size: medium;">menos o vulto negro e solitário</span></div><div dir="auto" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; white-space-collapse: preserve;"><span style="font-size: medium;">que subia a calçada </span></div><div dir="auto" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; white-space-collapse: preserve;"><span style="font-size: medium;">e tropeçou</span></div><div dir="auto" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; white-space-collapse: preserve;"><span style="font-size: medium;">mas <span style="font-family: inherit;"><a style="color: #385898; cursor: pointer; font-family: inherit;" tabindex="-1"></a></span>ninguém o nomeou</span></div><div dir="auto" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; white-space-collapse: preserve;"><span style="font-size: medium;">nem o fotógrafo </span></div><div dir="auto" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; white-space-collapse: preserve;"><span style="font-size: medium;">que ele salvou</span></div><div dir="auto" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; white-space-collapse: preserve;"><span style="font-size: medium;">do esquecimento.</span></div><div dir="auto" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; white-space-collapse: preserve;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></div><div dir="auto" style="background-color: white; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; white-space-collapse: preserve;"><span style="font-size: medium;">Carlos Ricardo Soares</span></div>Carlos Ricardo Soareshttp://www.blogger.com/profile/03079231328814280040noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-399392966915195252.post-23765241934398603362023-12-06T00:08:00.003+00:002023-12-09T16:17:43.574+00:00Por mais que a tristeza<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">Elas são belas</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">por mais que a tristeza lhes turve os olhos</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">por mais que tentem esconder que o são</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">são</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">são belas mesmo que não gostem</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">e que prefiram ser o que não são</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">serem belas parece um mérito</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">mas é uma condição</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">por mais que a beleza parta o coração.</span></span></h4><div><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;"><br /></span></span></div><div><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">Carlos Ricardo Soares</span></span></div>Carlos Ricardo Soareshttp://www.blogger.com/profile/03079231328814280040noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-399392966915195252.post-34857813635171865952023-11-21T22:29:00.004+00:002023-11-21T22:29:28.444+00:00Bela ou feia<div style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><span class="tm5"><br /></span></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><span class="tm5">Com este texto convoco ao aprazível exercício de pensamento e interpelo à reflexão sobre os nossos comportamentos, mais ou menos privados, mais ou menos exteriorizados
por sentenças, suscetíveis de consciencialização e conhecimento acerca das linhas com que nos cosemos, para usar uma expressão bastante feia.<br /></span><span class="tm5">E ai de quem me contradisser, porque também será feio. Se formos para o tribunal, então o juiz que faça a justiça de aceitar ou rejeitar o pleito e de
fundamentar a decisão.<br /></span><span class="tm5">Com esta brincadeira, estou a pensar na subjetividade dos juízos, por um lado, e na objetividade das sentenças, por outro. Os meus juízos estéticos, sobre a natureza,
ou sobre os artefactos são o que decide se algo, na natureza, ou no artefacto, é belo, ou não, ou se é repulsivo, atraente, agradável, desagradável, etc.. Não é o juízo
sentença da minha mãe, ou o do pintor dos diabos que vai decidir sobre a realidade das coisas, por mais efeitos que possa ter sobre o meu comportamento e por mais que condicione a forma como vejo as coisas.<br /></span><span class="tm5">Ou seja, o meu juízo estético opera sobre uma realidade cujas características não são belas, ou feias, antes de eu decidir. Nem estou a questionar se e
porquê há formas belas ou feias, independentemente de o julgarmos.<br /></span><span class="tm5">Na realidade, não é por eu julgar uma coisa bela, ou feia, que ela o é. Ser bela ou feia não é uma característica da coisa, quando muito, é
uma atribuição que eu faço. E isto não quer dizer que é uma atribuição arbitrária, ou que é aleatória. Não quer dizer que não tenha a ver
com características da coisa.<br /></span><span class="tm5">Carlos Ricardo Soares</span></span></div>
Carlos Ricardo Soareshttp://www.blogger.com/profile/03079231328814280040noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-399392966915195252.post-65401565876084048852023-11-08T10:19:00.003+00:002023-11-22T21:52:58.093+00:00Gente zangada não se ri<p class="Normal tm6 tm7" style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><span><span class="tm8"></span><span class="tm8">Gente zangada. Gente zangada não se ri. </span></span><span>Mas já vi gente ganzada a rir como louca. Enq</span><span>uanto ri
a gente não se zanga. Acontece o mesmo com o choro. Ninguém ri e chora ao mesmo tempo. Mas há personagens que têm afivelada a máscara do riso, do choro, da ira, da bonomia, da sonolência,
da loucura, etc.. D. Quixote, por exemplo, não ria e não fazia rir. Sancho compreendia de tal modo o seu amo que nem tentava fazer graça.</span></span></p><p class="Normal tm6 tm7" style="text-align: left;"><span class="tm8" style="font-size: medium;"></span></p><p class="Normal tm6 tm7" style="text-align: left;"><span><span class="tm8" style="font-size: medium;">Há uma autenticidade na expressão dos sentimentos
e das emoções, seja pela ira, seja pelo riso, ou pelo choro, pela euforia, pela estupidez, pela loucura, ou pelo mutismo, que não se compadece com zombarias ou com por a ridículo alguém,
porquanto isso é de mau gosto, é feio, e tem de maldade.<br /></span></span></p><p><span><span class="tm8" style="font-size: medium;">Gente zangada, gente animada, gente embriagada, gente drogada, gente alienada, gente feliz, gente pobre, gente desprezada, gente triste, gente galvanizada,
gente ilustrada, gente castigada, gente oprimida, gente do campo e gente da cidade, gente de armas, gente de fora e gente da terra, gente é uma palavra portuguesa do mais versátil que há.<br /></span></span></p><p><span style="font-size: medium;"><span><span class="tm8">Gente zangada
pode fazer jus à muito conhecida expressão “quem não se sente não é filho de boa gente”.<br /></span></span><span><span class="tm8">De qualquer modo, gente que gosta de rir dos outros, em geral, não suporta,
ou tolera mal, que se riam à sua custa. Não é o caso dos grandes humoristas, como Woody Allen que, preferencialmente, e por curiosa necessidade, riem de si próprios.<br /></span></span><span><span class="tm8">Aposto que Deus não
ri, nem tem sentido de humor, mas também não se zanga.</span></span></span></p><p></p><p></p>
<p class="Normal" style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"> <span face="Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif" style="background-color: white;">Carlos Ricardo Soares</span></span></p>Carlos Ricardo Soareshttp://www.blogger.com/profile/03079231328814280040noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-399392966915195252.post-67107389127116849942023-10-28T22:20:00.004+01:002023-11-12T23:33:19.134+00:00Meter as palavras na ordem<p class="Standard tm6"><span class="tm7"><span style="font-size: medium;">As palavras podem ser nossas aliadas, mas a nossa desconfiança deve ser total. </span></span></p><p class="Standard tm6"><span class="tm7"><span style="font-size: medium;">Não acredito que alguém tenha o poder de meter as palavras na ordem.</span></span></p>
<p class="Standard tm6"><span class="tm7"><span style="font-size: medium;">Não te deixes conduzir pelas palavras.</span></span></p><p class="Standard tm6"><span class="tm7"><span style="font-size: medium;"></span></span></p><h2 style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 22px; margin: 0px; position: relative;"><span style="background-color: white; font-size: medium; font-weight: normal;">Carlos Ricardo Soares</span></h2>Carlos Ricardo Soareshttp://www.blogger.com/profile/03079231328814280040noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-399392966915195252.post-84129022979434890002023-10-24T20:50:00.003+01:002023-11-12T23:33:49.110+00:00A ideia de inutilidade<p class="Normal tm6 tm7"><span style="font-size: medium;"><span class="tm8"></span><span class="tm8">A ideia de inutilidade, aplicada à filosofia, ou à poesia, ou à matemática e até à própria física,
só colhe num sentido muito restrito de utilidade. </span></span></p><p class="Normal tm6 tm7"><span class="tm8"><span style="font-size: medium;">A nossa cultura científica, humanística, filosófica, artística, linguística, foi construída através do pensamento, da
atividade pensante, do discurso legitimador e fundante dos valores, das normas, dos critérios, dos modos de proceder e de trabalhar e de governar e de fazer justiça e de falar...</span></span></p>
<p class="Normal"><span style="background-color: white;"> <span style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif;">Carlos Ricardo Soares</span></span></p>Carlos Ricardo Soareshttp://www.blogger.com/profile/03079231328814280040noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-399392966915195252.post-66777267524157060362023-10-10T19:02:00.002+01:002023-10-12T11:24:37.768+01:00Saber ler<div style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><span class="tm7">Viagens na minha terra, de Almeida Garrett, foi um dos livros de autores portugueses que mais me surpreenderam, numa releitura já algo tardia, depois de ter passado por essa
obra, no Liceu, como um fantasma que apenas vira as páginas. Fiz o mesmo com Os Maias, de Eça de Queirós e com outras obras. Enquanto eu não tiver uma motivação particular para ler,
e não incluo aqui a obrigação de ler, normalmente, também não o faço só por distração. Mas tenho noção de que existem muitas formas de leitura e
que nem todas são as mais adequadas.<br /> </span><span class="tm7">Não é apenas o saber ler, que é importante para descodificar a obra, é também o ato de leitura como um exercício, ou um investimento cultural,
de aquisição, enriquecimento cultural, ou de mera jardinagem cultural, divertimento, ou passatempo.<br /> </span><span class="tm7">Há autores que não escrevem para certos leitores. Nota-se claramente que não estão à espera (não devem esperar) que certo tipo de leitores
(passe a expressão) leiam o que escrevem. Alguns livros não podem ser lidos senão por uma minoria de pessoas com muita erudição e experiência da vida. Independentemente do proveito
ou do prazer, do enriquecimento ou satisfação que deem ao leitor, exigem repertórios e uma atenção que será raro encontrar. Ler, no sentido de ser capaz de ler qualquer livro, é
para muito poucos.<br /> </span><span class="tm7">A tentativa de escrever para o maior número possível de leitores, envolve a consideração de que a maior parte não se mete a ler para ficar mal
disposto, cansado, frustrado, aborrecido.<br /> </span><span class="tm7">Não vou desenvolver as veredas que nos levariam, por aí fora, acerca deste assunto já tão explorado e sempre surpreendente.<br /> </span><span class="tm7">Vou apenas referir que há autores cuja leitura nos cansa quase tanto como os terá cansado a eles escrever, como se, constantemente, durante horas, tivéssemos
que assistir ao suplício dos ciclistas que pedalam durante cinco minutos, para chegar ao alto de Nossa Senhora da Graça.<br /></span><span class="tm7">Outros aligeiram de tal modo as coisas que nos dão de bandeja, em duas frases, a notícia da vitória. Outros ainda, mais complacentes com a deles e a nossa preguiça,
nem precisam de dar a notícia da vitória, uma vez que a vitória, nesses casos, está implícita, ou é suposto que exista.<br /> </span><span class="tm7">O que é complexo não é o que escrevem é aquilo sobre o qual não dizem nada.<br /> </span><span class="tm7">Quem escreve só é colocado perante o problema de escolher entre o que escrever e o que não escrever, se tiver sobre o que escrever. Depois há os poderes,
ou competências, ou talentos, de como escrever e de saber se querem, ou podem, ser lidos, quando e por quem. Independentemente de terem à disposição canais de comunicação, divulgação,
com potenciais leitores.<br /></span> </span><span style="background-color: #d9ead3; color: #050505; font-family: "Segoe UI Historic", "Segoe UI", Helvetica, Arial, sans-serif; white-space-collapse: preserve;"> Carlos Ricardo Soares</span></div>
Carlos Ricardo Soareshttp://www.blogger.com/profile/03079231328814280040noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-399392966915195252.post-22985832805365744702023-09-17T23:01:00.006+01:002023-09-22T00:06:43.600+01:00Ninguém é obrigado a acreditar<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">Não acrediteis</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">ninguém é obrigado a acreditar</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">se acreditardes</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">saibais </span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">que não sabeis</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">enquanto não verificardes</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">e se ajuizardes</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">ajuizareis</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">sobre o que imaginardes.</span></span></h4>
<p class="Normal"> <span style="background-color: #d9ead3; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif;"> Carlos Ricardo Soares</span></p>Carlos Ricardo Soareshttp://www.blogger.com/profile/03079231328814280040noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-399392966915195252.post-78598864364911735512023-09-04T23:07:00.001+01:002023-09-04T23:09:48.696+01:00Alegria é isso<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">Algo faz acreditar</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">que a alegria é isso</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">um peixe a surfar</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">sem pensar nisso</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">epitáfio</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">na onda passageira</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">em que medito</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">sem me preocupar</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">com aquilo em que acredito</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">ou deixo de acreditar.</span></span></h4><div><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">Carlos Ricardo Soares</span></span></div>Carlos Ricardo Soareshttp://www.blogger.com/profile/03079231328814280040noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-399392966915195252.post-91018050029812307922023-08-28T23:14:00.002+01:002023-09-22T00:06:22.435+01:00Hermenêutica<div style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><span class="tm8">Não vejo como ultrapassar o facto de um texto significar por si próprio e apenas por si próprio.
Se o autor vier a terreiro, por exemplo, para explicar o que escreveu, isto já é outro texto. Se o autor vier à praça para discordar da interpretação que alguém faz do que escreveu,
está no seu direito, mas não lhe assiste nenhum privilégio interpretativo daquilo que está escrito. <br /></span><span class="tm8">Por exemplo, o legislador faz textos, sob a forma de normas, mas não tem competência
para os interpretar vinculativamente. Isto para mim é muito claro. <br /></span><span class="tm8">Se, por exemplo, alguém interpreta o que escrevo de um modo que me aparece inepto e sem apoio na letra, na lógica, no contexto e no sentido
que é possível e legítimo esperar e exigir que um leitor normalmente competente reconheça, só me resta discutir isso e, embora seja eu o autor, não estou garantido só por isso
de que o meu intérprete não tenha mais razão. <br /></span><span class="tm8">Há inúmeros casos, alguns que ficaram célebres, de autores que acabaram interpretados de vários modos sem que, ao menos, um deles
correspondesse àquilo que eles diziam pensar e defender. E pouco, ou nada puderam fazer contra isso. Estou a pensar em Karl Marx, que não se revia no marxismo, mas podia referir outros casos emblemáticos.<br /></span><span class="tm8">Agora,
não deixa de ser aliciante e desafiante pensar o problema em termos de, por exemplo, alguém querer dizer, e menos ensinar, marxismo a Marx, ou cristianismo a Cristo, ou o padre-nosso ao vigário.<br /></span><span class="tm8">Nestes
casos, porém, já não estamos apenas a interpretar textos, que valem o que valem e não aquilo que os seus autores queriam ou querem, mas a configurar situações em que um movimento,
uma corrente de pensamento, a doutrina, enfim, já está distanciada das fontes, ao ponto de não se poder confundir o rio com a nascente.<br /></span><span class="tm8">O autor dos textos não tem como
impor ao intérprete a sua própria interpretação. <br /></span><span class="tm8">O intérprete pode, inclusivamente, ser mais arguto, competente, culto, ter mais repertório e talento do que o autor. Normalmente, o
autor ganha muito com intérpretes deste jaez e perde muito com intérpretes mais limitados.</span></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><span class="tm8"><span style="background-color: #d9ead3; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: medium;"> Carlos Ricardo Soares</span></span></span></div><p class="Normal tm6 tm7"><span class="tm8"></span></p>Carlos Ricardo Soareshttp://www.blogger.com/profile/03079231328814280040noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-399392966915195252.post-7443139147255408362023-08-12T23:18:00.002+01:002023-09-22T00:07:37.895+01:00Viver dos problemas<div style="text-align: left;"><span class="tm8"><span style="font-size: medium;">O que eu penso é que a vida passa e os problemas não, ou por outra, os problemas vão-se resolvendo e a vida não, ou ainda, nem todos temos problemas,
mas todos pensamos em problemas e muitos arranjam problemas por tudo e por nada. </span></span></div><div style="text-align: left;"><span class="tm8"><span style="font-size: medium;">Já tenho encontrado pessoas que, espantadas, reconhecem nada lhes faltar, nem saúde, nem dinheiro, nem estatuto social, nem
amor, nem paz, terem tudo em abundância, mas viverem atormentadas com problemas filosóficos, insolúveis e graves problemas da cabeça e do entendimento. </span></span></div><div style="text-align: left;"><span class="tm8"><span style="font-size: medium;">São bons de contas de mercearia, campeões
do negócio, grandes farmacêuticos, engenheiros da ferrovia, nobéis da literatura, vencedores de guerras, filhos de Deus, batizados de luz divina, sacerdotes da vida eterna, teólogos da profecia,
portentos do oráculo... </span></span></div><div style="text-align: left;"><span class="tm8"><span style="font-size: medium;">Mas claudicam na hora de reconhecerem que têm problemas, muitos, para os quais nem que soubessem a resposta, deixavam de ser problemas. </span></span></div><div style="text-align: left;"><span class="tm8"><span style="font-size: medium;">Já encontrei gente feliz, mas eram felizes
com seus problemas e, se não fossem esses problemas, provavelmente não seriam felizes como são, porque, de algum modo vivem deles.</span></span></div><div style="text-align: left;"><span class="tm8"><span style="font-size: medium;"><span style="background-color: #d9ead3; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: medium;"> Carlos Ricardo Soares</span></span></span></div>Carlos Ricardo Soareshttp://www.blogger.com/profile/03079231328814280040noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-399392966915195252.post-6599501598321854852023-08-02T23:49:00.002+01:002023-09-22T00:08:23.709+01:00Relaxar e produtividade<div style="text-align: left;"><span class="tm6"><span style="font-size: medium;">O conceito de produtividade é muito elástico e deveras interessante. <br /></span></span><span class="tm6"><span style="font-size: medium;">Dada a sua conotação económica, quase dogmática e moralmente imbatível,
permite que o usemos para fazer estilo em qualquer contexto, que em todos cai bem, ainda que seja de muito mau gosto e falta de etiqueta falar de produtividade num piquenique de férias. <br /></span></span><span class="tm6"><span style="font-size: medium;">Mas, sim, há que manter
a produtividade, não dar férias à produtividade, as férias são nossas não são da produtividade. <br /></span></span><span class="tm6"><span style="font-size: medium;">A produtividade que se amole, queremos é relaxar. E isto pode ser muito,
mesmo muito, produtivo. </span></span></div><div style="text-align: left;"><span class="tm6"><span style="font-size: medium;"><span style="background-color: #d9ead3; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: medium;"> Carlos Ricardo Soares</span></span></span></div>Carlos Ricardo Soareshttp://www.blogger.com/profile/03079231328814280040noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-399392966915195252.post-17484072962184571792023-07-28T00:00:00.003+01:002023-07-28T00:00:38.858+01:00Filosofar<div style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><span class="tm8">Filosofar é quando tento perceber claramente se "o que penso que é" é efetivamente, pois o que penso que é deve ser o que é e não
o que eu penso que é. <br /></span><span class="tm8">E tento perceber isso porque, se o que penso que é não for, o meu juízo é errado e a minha escolha vai ser afetada por esse erro. </span></span></div><div style="text-align: left;"><span class="tm8"><span style="font-size: medium;">Tomemos como exemplo o que acabei de
dizer sobre o que penso que é filosofar. </span></span></div><div style="text-align: left;"><span class="tm8"><span style="font-size: medium;">Carlos Ricardo Soares</span></span></div>Carlos Ricardo Soareshttp://www.blogger.com/profile/03079231328814280040noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-399392966915195252.post-68595539421380438722023-07-23T22:58:00.002+01:002023-09-22T00:08:54.653+01:00A paz<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">A paz dos cardumes</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">e a do peixe fortuito</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">algo tardio </span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">como aquele aqueduto</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">atravessa o vazio</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">invade o coração</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">com a promessa</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">de uma garrafa de Douro</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">com vistas para a outra vida.</span></span></h4><div><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;"><span style="background-color: #d9ead3; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: medium;"> Carlos Ricardo Soares</span></span></span></div>Carlos Ricardo Soareshttp://www.blogger.com/profile/03079231328814280040noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-399392966915195252.post-5156579481644274712023-07-17T11:29:00.001+01:002023-07-17T11:29:10.001+01:00Forças da guerra e forças da Paz<div style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;"><span class="tm7">Nem todos os exércitos, nem todas as armas têm sido suficientes para impedir e evitar guerras, todos os tipos de guerras e guerrilhas, locais, regionais,
coloniais, civis, religiosas, comerciais, químicas, industriais, nucleares, tecnológicas...<br /></span></span><span class="tm7"><span style="font-size: medium;">Se houvesse uma sociologia das guerras que estudasse as guerras desde os primevos, aprenderíamos muito sobre
a função reguladora da violência e, mais conscientes dessa realidade biológica, social, cultural, histórica, mas mais ainda sobre a cultura da guerra, que tem sido, em minha modesta opinião,
o círculo vicioso, para não dizer espiral que se escala a si própria, numa lógica de exercício de poder e de defesa desse poder, sempre que encontra obstáculos, ameaças ou ataques,
em melhores condições estaríamos para evitá-las, ou impedi-las, ou minimizar os seus efeitos.<br /></span></span><span style="font-size: medium;"><span class="tm7">Nessa sociologia talvez se descortinassem, em todas as guerras, padrões que ajudariam a
compreender o fenómeno da guerra, como violência humana, uso da força para atingir fins e objectivos ilegítimos, ilegais, injustos e desumanos, independentemente dos pretextos invocados para desencadeá-las.
Talvez se tornasse mais claro que uma guerra não é como o amor que, quando começa, nunca ameaça ter consequências e que, apesar disso, quem inicia uma guerra tem um plano optimista, não
em relação à guerra, nem em relação à resolução de um diferendo, mas em relação a alguns objectivos, mais ou menos confessados, entre os quais um objectivo
territorial, de supremacia, ou punitivo, perpetrado por uma força, ou uma potência que se coloca, ou que está, ou pensa que está, em posição de superioridade bélica, em condições
de tirar vantagem, ou de, pelo menos, não sair esmagada do desastre da derrota.<br /></span></span><span style="font-size: medium;"><span class="tm7">As sociedades humanas politicamente organizadas em estruturas militares, nas quais assentam o seu poder de facto, ainda não
encontraram outra forma de se estruturarem e não estão preparadas para aceitarem outro tipo de solução dos problemas conflituosos que não seja pela força, pela coerção
e pela coacção, mesmo nas litigâncias judiciais internas, das mais simples às mais complexas, em que se não prescinde de contingentes policiais para assegurar a ordem e a segurança
e realizar, executar as sentenças.<br /></span></span><span style="font-size: medium;"><span class="tm7">Assim sendo, numa primeira fase, a nossa esperança
reside no poder de estabelecer uma regulamentação do uso da força, nomeadamente militar, nas relações entre Estados e na judicialização adequada da guerra através de
instrumentos de direito internacional, da institucionalização de estruturas internacionais preventivas e, tanto quanto possível, num efectivo controlo, por uma estrutura política internacional credível,
de certo tipo de armamento cuja finalidade seja ameaçar e eventualmente destruir massivamente. Ou seja, uma espécie de ONU legitimada e empoderada de uma espécie de monopólio sobre uso da força
entre Estados, aplicação das leis da guerra, responsabilização e desarmamento, disposição e uso de certo tipo de forças, para certo tipo de conflitos armados.<br /></span></span><span style="font-size: medium;"><span class="tm7">Esta solução
que, com algumas diferenças de escala, é considerada satisfatória para as situações estaduais internas, talvez pudesse ser adoptada pelos Estados, na ONU, pelo menos pelos que o quisessem
e a subscrevessem, sem prejuízo de estes fazerem valer a sua posição perante aqueles que não aderissem.<br /></span></span><span style="font-size: medium;"><span class="tm7">Embora esta solução não estivesse ainda completamente a salvo de
guerras, já apresentaria consideráveis avanços relativamente à situação atual.<br /></span></span><span style="font-size: medium;"><span class="tm7">As pedagogias da paz e da ordem, muitas vezes são contraditórias e andam, também elas, associadas a ameaças, mais ou menos implícitas,
mais ou menos tácitas, porque quem dita os termos dessas pedagogias não abre mão do seu sistema de valores, ou de vantagens, sujeitando os outros às condiçoes e termos em que podem manifestar-se
e pronunciar-se. Isto faz com que se formem correntes de opinião e se criem espaços próprios de expressão de ideias que, por não comunicarem uns com os outros, em vez de contribuirem para
a conciliação dos contrários e a pacificação dos antagonismos, os acirra ainda mais e reforça os ânimos hostis.<br /></span></span><span class="tm7"><span style="font-size: medium;">As forças da Guerra e as forças da Paz estão numa relação de poder, de forças, de legitimidade, de Direito e de justiça que, cedo ou
tarde, é decidida para o lado da Paz. Acredito que assim seja e tenho esperança de que as guerras acabem.</span></span></div>
Carlos Ricardo Soareshttp://www.blogger.com/profile/03079231328814280040noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-399392966915195252.post-42274983457642359482023-07-08T01:25:00.002+01:002023-07-08T01:25:40.839+01:00Filosofia e ciência<p class="Normal tm6 tm7"><span style="font-size: medium;"><span class="tm8"></span><span class="tm8">A filosofia, quer a entendamos como exercício de racionalidade discursiva sobre os discursos, sobre os repertórios históricos das ideias
formuladas, ou sobre conjecturas, em meu entender, nunca perdeu o estatuto original de disciplina de conhecimento, e de conhecimento da natureza do próprio conhecimento, não obstante, em meu entender, a ciência
da natureza tenha vindo a revelar algo que a filosofia acabou por reconhecer como limite da filosofia como era entendida até então: há conhecimentos que não são possíveis senão
pela observação, que nenhuma inteligência e nenhuma filosofia pode sequer conjecturar.</span></span></p>Carlos Ricardo Soareshttp://www.blogger.com/profile/03079231328814280040noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-399392966915195252.post-47647670576005465502023-07-06T22:52:00.001+01:002023-07-06T22:52:11.909+01:00Mundivisões<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">O que distorce</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">a visão</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">o que distorce </span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">nem sempre são</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">os olhos</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">é o obscurantismo</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">a divisão</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">a mundivisão</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">as palavras invisíveis</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">que ressoam em cavernas oníricas</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">do coração</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">a bater</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">o que distorce o tempo</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">é o rei da moda</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">continuar nu</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">a não ver</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">a felicidade</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">não ser um divagar</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">reflexo das miragens</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">de poder escolher</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">e não ter o poder </span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">de ser escolhido</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">nem como futilidade</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">de cinco estrelas.</span></span></h4>
<p class="Normal"><span style="font-size: medium;"> </span></p>Carlos Ricardo Soareshttp://www.blogger.com/profile/03079231328814280040noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-399392966915195252.post-84505469046508180422023-06-20T23:10:00.003+01:002023-06-20T23:34:43.973+01:00Não há original deste rio<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">Um rio como este</span></span></h4><div><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">não retomará o bom caminho</span></span></div><div><span style="font-size: medium;">que nunca teve</span></div>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">não vai ficar na foto</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">não sei como vai ficar</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">se ficar</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">na minha memória</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">e até quando</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">eterno liquefeito</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">paraíso entornado</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">caldo de peixe cozinhado</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">no caleidoscópio mágico</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">de infâncias</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">que nunca foram resgatadas</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">dos grandes delírios</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">nem arrebatadas da corrente</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">insustentável</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">de um rio como este</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">de que nunca houve</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">nem haverá original</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">tão doente</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">que abraça os choupos</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">aninhados no lixo</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">como se ouvisse o mar</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">dos náufragos</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">e os confundisse com as brumas</span></span></h4>
<h4 class="tm6 tm7"><span class="tm8" style="font-weight: normal;"><span style="font-size: medium;">da minha memória.</span></span></h4>
<p class="Normal"><span style="font-size: medium;"> </span></p>Carlos Ricardo Soareshttp://www.blogger.com/profile/03079231328814280040noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-399392966915195252.post-27885717292289389952023-06-11T22:56:00.002+01:002023-06-11T22:56:43.928+01:00As coisas não têm de ser como são<span style="background-color: white; font-size: medium;"><span style="color: #222222; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; text-align: justify;">Se não sentíssemos/acreditássemos que “as coisas não têm de ser como são”, título de um trabalho que estou a realizar, ou, por outras palavras, se estivéssemos convencidos de que as coisas têm de ser como são, ficaríamos parados a ver acontecer, nada fazendo por nossa iniciativa, limitando-nos a respirar. Não obstante, e paradoxalmente, é porque as coisas são como são que nós sentimos e acreditamos que não têm de ser como são. Porque percebemos no modo de ser das coisas a susceptibilidade de as alterarmos, dentro das nossas possibilidades. E foi aqui e é aqui que surgiram/surgem os problemas e os conflitos. Os problemas surgem no sentir/acreditar, na necessidade e na (im)possibilidade da satisfação. Nós estamos dependentes das necessidades, no mesmo sentido da sua satisfação. Quando perguntamos, hoje, de que necessitamos, podemos constatar, por exemplo, que necessitamos de muitas coisas que os nossos antepassados não necessitavam. Passaríamos muito bem sem muitas coisas que existem, se elas não existissem. É a necessidade que torna as coisas úteis, ou, pelo contrário, é a utilidade das coisas que as torna necessárias?</span><br style="color: #222222; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; text-align: justify;" /><span style="color: #222222; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; text-align: justify;">Se perguntarmos porque temos necessidade de ir para a escola, o que mais me surpreende e choca, não é a resposta, é o ela ser imperiosa. Não existe escolha. E por que motivo? Toda a gente sabe, concorde ou não, goste ou não, é como ter de usar um transporte, ou falar uma língua, ou um telefone/telemóvel, ou uma arma. É como se quisessem impor-nos algo sem o qual preferíamos passar, ou, pelo menos, sem nos perguntarem se temos preferência.</span><br style="color: #222222; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; text-align: justify;" /><span style="color: #222222; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; text-align: justify;">Estamos hoje sujeitos, de forma violenta, ou quase violenta, a todo o tipo de dependências crescentes de estruturas desumanas, surdas e mudas, que nos cobram preços, em troca de serviços que não podemos dispensar.</span><br style="color: #222222; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; text-align: justify;" /><span style="color: #222222; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; text-align: justify;">Dentro deste comércio viciado e altamente desleal, ratificado e promovido pelos sistemas políticos e de justiça, entre os que têm as cabeças e as mãos atadas e os que têm liberdade para os explorar e armas para os alvejar, a educação e o ensino não são o menor artifício de dependência.</span><br style="color: #222222; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; text-align: justify;" /><span style="color: #222222; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; text-align: justify;">O que eu acho desejável, por mais utópico que seja, mas gosto de ser utópico até onde me deixarem, ou puder, é que haja a máxima independência dos indivíduos relativamente à educação. Infelizmente, verifico que acontece, cada vez mais o contrário. Cada vez mais, o ensino e a educação e as escolas, em geral, se apresentam e são entendidas, como meios de formação para o exercício de uma profissão, quer se goste ou não, e seja pelos motivos que forem.</span><br style="color: #222222; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; text-align: justify;" /><span style="color: #222222; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; text-align: justify;">A maior parte das pessoas até podem dar-se bem com isto e sentirem-se gratas por haver e lhes darem a oportunidade, por exemplo, de envergarem uma farda, ou de integrarem uma equipa, etc., e até sentirem elevados níveis de satisfação, de realização e de reconhecimento social, mas isso não deixa de ser a satisfação de uma necessidade.</span><br style="color: #222222; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; text-align: justify;" /><span style="color: #222222; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; text-align: justify;">A necessidade, seja pelo hábito ou não, dita e impõe a resposta, as aprendizagens, a escola, o ensino, a educação.</span><br style="color: #222222; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; text-align: justify;" /><span style="color: #222222; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; text-align: justify;">Onde vejo um problema é na alienação do indivíduo, da pessoa que se entrega, “que perde a vida” não para se salvar, mas porque sente/acredita que a sua vida tem a ganhar, até em sentido social, com a realização dos valores sociais susceptíveis de lhe darem retorno, seja profissional, ou outro.</span><br style="color: #222222; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; text-align: justify;" /><span style="color: #222222; font-family: Georgia, Utopia, "Palatino Linotype", Palatino, serif; text-align: justify;">Mas também vejo um problema na alienação do indivíduo a si mesmo, alienando-se da sociedade, que não busca, nem espera, nem encontrará por certo, na escola, no ensino e na educação, a resposta, ou o tipo de resposta, para a qual o ensino e a educação não estão vocacionados, nem preparados.</span></span>Carlos Ricardo Soareshttp://www.blogger.com/profile/03079231328814280040noreply@blogger.com0