domingo, 19 de maio de 2019

Res Publica

A Res Publica, na realidade, é um equívoco tão requintado como a liberdade.
Todos sabemos que o Estado está capturado por todos os lados, sendo as partes mais interessantes e valiosas para quem tem mais liberdade de o fazer. 
O património do Estado é um colosso de ativos tangíveis e intangíveis, de goodwill, que só uma ampla liberdade de acesso restrito (e aqui é que está o problema, o acesso restrito a quem pode e manda) permite canalizar para interesses privados (dos mesmos que, por regra e tradição, são a favor da iniciativa privada, do individualismo, do liberalismo económico e político, enfim, de quanto menos Estado melhor). 
O paradoxo está neste preciosismo de culparem o Estado de ser Público e Colectivo e Interventivo, quando estão cheios de lucros e de soberba e de o sugarem até à falência, quando já colocaram os lucros fora do alcance do Estado, de quem se tornam devedores e caloteiros sem vergonha. 
De qualquer modo, o Estado está nas mãos deles, tanto na fase dos lucros como na fase dos prejuízos. 
Eles são realmente livres. 
Outros nem tanto.

domingo, 12 de maio de 2019

Política, futebol e religião

Às vezes temos a sensação de que, em política, vivemos num mundo de pernas para o ar. 
O Presidente da República nem precisa de ser soldado para ser o Comandante Supremo das Forças Armadas. 
O Ministro da Educação não precisa de ser professor para mandar em todos os professores. 
O Primeiro-Ministro, qualquer que seja a sua formação, pode avocar todas as pastas ministeriáveis...
Um analfabeto, um crocodilo, um cabrão...Se forem eleitos por meia dúzia de votos, se tiverem a maioria, mandam (governam?) no mundo? 
Não. 
Há mais mundo para além da política e dos políticos. O problema são os políticos.
É o serviço que eles prestam a quem eles prestam.
Mas ainda não se enxergaram. 
Ainda vivem no tempo dos Reis e dos súbditos.
Em comparação, o futebol é uma religião santa e a religião um futebol de pecadores.