sábado, 29 de fevereiro de 2020

Precisas de ter algo mais do que razão

O pragmatismo e o realismo aconselham a que analisemos os problemas em escalas adequadas, concedendo a cada realidade a respectiva representação relativa. 
Ainda não vi um método, que urge criar, de "elaboração de mapas à escala dos problemas e das soluções...". 
Sem isso, andamos à deriva, como tontos, uns que colocam o problema do álcool no centro do universo, outros que colocam o centro do universo no álcool e por aí adiante.
O que me faz estar aqui a escrever, em vez de estar numa manifestação contra o governo? 
E que seria melhor? Para mim ou para os outros? 
Enquanto estou aqui a escrever, morre gente que outras pessoas tentam acudir, mesmo depois de mortas, com orações...
São poucas as pessoas que têm predisposição para a razão. 
Na realidade, nem os crentes/praticantes da religião estão sequer tentados a interrogar-se e, muito menos, discutir, seja o que for.
Ninguém vai à igreja por uma razão que seja a de ter razão, do mesmo modo que um político não quer ouvir falar em razão, nem precisa de ter, nem esse é o seu negócio. São os interesses, o nepotismo, as alianças, os compadrios, a corrupção, os apoios, os votos, as aclamações, que valem.
Ter razão não vale nada.
Ninguém está interessado em algo que vale nada.
Alguém está interessado na morte de Deus e, mais ainda, na suspensão da morte de Deus de Nietzsche?
Os nossos governantes (a quem tudo devemos, excepto a razão) têm horror à razão e, com razão.

sábado, 15 de fevereiro de 2020

O professor é um escravo de todos os deveres

Pode-se dizer coisas lindíssimas sobre o papel do professor e os professores merecem e precisam que se digam. Uma delas não é certamente o mito, ideal, ou mesmo utopia, em que o professor foi sendo transformado. O professor tem muitas razões para odiar muita coisa, mas não tem outro poder ou outra saída que não seja amar tudo e todos, e de um modo que o torne ainda melhor professor.
O professor é um escravo de todos os deveres.
Não conheço outra profissão, e já exerci também, pelo menos, a de advogado, que tenha tantos deveres e esteja sujeita a tantas exigências e expectativas e críticas e manipulações ou tentativas de manipulação e assédio moral e "bullying" e comiseração.
É a única profissão em que, até os sindicatos não os representam e os tratam mal.