quarta-feira, 20 de maio de 2020

Eu a pensar acerca do cérebro, ou este a pensar que me engana?

A educação e o ensino e a política e a religião não se propagam como um vírus, mas têm algumas semelhanças. 
Vislumbro, à primeira vista, uma diferença que me interessa: enquanto o vírus se limita a estar onde está e a ser o que é, aqueles não. Mas todos dependem de um hospedeiro.
E, em todos, mais ou menos, o hospedeiro sobrevive se e na medida em que desenvolver anticorpos.
Até pode ser uma declaração gratuita, mas a maior parte dos humanos não "sobrevive" e adoece e morre de qualquer modo, por efeito da educação, do ensino, da política e da religião. 
Mas é uma fatalidade, o lado mau de algo que não podemos evitar, como se morrêssemos de viver, ou vivêssemos de morrer. 
Se o cérebro fosse um órgão capaz de substituir a vida pela imaginação?!, mas não consegue completamente!
No paradigma da evolução foi concebido para sobreviver e ainda não evoluiu bastante. 
Há uma cultura e uma realidade sociológica e humana que precisa de um cérebro adaptado a descobrir a verdade (isto não deve ser o meu cérebro a pensar de si mesmo!!!).
Pedir aos alunos, aos eleitores, aos fiéis?...O que é isso? ...O que é isso?

quinta-feira, 7 de maio de 2020

A minha arte é ser eu

Fernando Pessoa, como muitos dos humanos que nos habituamos a admirar, sem dificuldade e até a cultivar, tal é o fascínio que exercem, pela obra e pelo que foram/são, é criação dele próprio, é uma obra de arte de si próprio, e tinha plena consciência disso, ao declarar "A minha arte é ser eu". 
Quem diria melhor? E merece que se fale dele e da sua obra.
A toda a volta da rua onde sentaram a sua estátua, podiam revestir as paredes exteriores com frases e versos que ele escreveu, que não falta material de beleza e riqueza inigualáveis.
Era um homem que vivia, como qualquer um, dentro do seu universo, de uma narrativa pessoal e social muito própria e, no caso de Pessoa, muito especial, de que parecia ter o comando, os objectivos, os mapas, os instrumentos, o leme e a consciência aguda disso e do que tudo isso representava em múltiplas perspectivas plausíveis, incluindo a dele (que eram várias). 
Não tinha nada de desgraçado e era feliz, à sua maneira, porque não se sentia frustrado e adorava a cidade palco, Lisboa, ou espaço de interacção, representação dos papéis que ele, com incrível determinação e lucidez, escolhera e criara para si. 
E sentia-se como peixe na água dentro da sua própria narrativa. 
Muitos dos sentimentos e dos pensamentos que todos temos e frequentemente expressamos, como mundo oco e arbitrário, cercado de gente mas solitário, ficarei contente neste mundo sem gente de repente...Fernando Pessoa, pura e simplesmente, não conhecia.