Coisas de gaja libertina
Tarada por homem
Prometo contar
Se não tiveres vergonha
De deboches
Que fazem corar
Só de ouvir falar
Estou com medo
Carlos Ricardo Soares"Ser feliz é uma actividade que requer toda uma vida e não pode existir em menos tempo" - Aristóteles, Ética a Nicómaco
Coisas de gaja libertina
Tarada por homem
Prometo contar
Se não tiveres vergonha
De deboches
Que fazem corar
Só de ouvir falar
Estou com medo
Carlos Ricardo Soares
Está muito frio
Dizias-me ao ouvido
Calorosamente
Ali é a estufa
Só ela
Pode entrar ali
A Lina
A estouvada
Leviana de mil enigmas
Carlos Ricardo Soares
Eu afirmo: factos são factos, naturais ou culturais, coisas, objetos e, em relação a eles, digo que não são verdadeiros, nem falsos, porque verdadeiro ou falso não é da ordem do facto, nem do objeto, é da ordem do discurso, da linguagem, sobre o objeto.
Uma maçã ou um burro não são verdadeiros nem falsos. Mas estas minhas afirmações podem ser questionadas como verdadeiras ou falsas. Ainda que suscitem questões de “porquê?”, “para quê?”, “como?”, o questionar, o mandar, o aconselhar, o manifestar gosto, preferência, ou vontade, não são problemas de verdade ou falsidade. Estes existem quando se está perante afirmações acerca de algo, de alguma realidade.
Se tu disseres “segue o teu caminho” ninguém te acusará de seres verdadeiro ou falso, mas se disseres “o melhor é seguires o teu caminho”, ganha pertinência o problema da falsidade ou verdade da tua declaração, ainda que, neste caso, esteja referida a uma opinião, valoração subjetiva. Mas se disseres “esse caminho não leva ao lugar para onde queres ir”, o problema torna-se mais claro e, mais ainda, se especificares o lugar, por exemplo, “esse caminho não vai dar a Roma”.
Carlos Ricardo Soares
Hilário: tenho andado a tentar perceber porque é que, passados sessenta anos, ou mais, desde que ouvi falar de Luís de Camões, cada vez me fascina mais o homem e menos o mito
Amiga: Camões, para mim, só não é um personagem de uma história de ação, porque era poeta e escreveu os Lusíadas
Hilário: não há como separar o homem e a obra
Amiga: não há como separar o homem, a obra e o tempo, a história, o contexto histórico
Hilário: o tempo, a história, o contexto histórico, sem Camões, seriam entendidos de modo diferente
Amiga: grande parte da visão que temos de Portugal desse tempo é-nos proporcionada por Luís de Camões, nascido há 500 anos
Hilário: é admirável e genial este português, tão situado no tempo dos descobrimentos e tão pouco distanciado dos factos da história de Portugal, ter congeminado uma visão tão rica e tão realista dessa história
Amiga: o fascínio de que falavas há pouco deve estar associado ao facto de que, no caso de Camões, a realidade supera sempre a imaginação e o mito
Hilário: é isso, ele faz parte da história, não como outro cidadão que, como ele, embarcou e, porventura, como ele, tenha regressado, mas como protagonista da sua própria epopeia
Amiga: que serve de simbologia espantosa para a epopeia dos Lusíadas
Hilário: foram 56 anos de vida, entre 1524 e 1580
Amiga: Camões pouco escreveu sobre si próprio. Quem não conhecer a obra e a história do homem, dentro da história de Portugal, não entende nada do que estamos a falar.
Carlos Ricardo Soares