Hilário: tenho andado a tentar perceber porque é que, passados sessenta anos, ou mais, desde que ouvi falar de Luís de Camões, cada vez me fascina mais o homem e menos o mito
Amiga: Camões, para mim, só não é um personagem de uma história de ação, porque era poeta e escreveu os Lusíadas
Hilário: não há como separar o homem e a obra
Amiga: não há como separar o homem, a obra e o tempo, a história, o contexto histórico
Hilário: o tempo, a história, o contexto histórico, sem Camões, seriam entendidos de modo diferente
Amiga: grande parte da visão que temos de Portugal desse tempo é-nos proporcionada por Luís de Camões, nascido há 500 anos
Hilário: é admirável e genial este português, tão situado no tempo dos descobrimentos e tão pouco distanciado dos factos da história de Portugal, ter congeminado uma visão tão rica e tão realista dessa história
Amiga: o fascínio de que falavas há pouco deve estar associado ao facto de que, no caso de Camões, a realidade supera sempre a imaginação e o mito
Hilário: é isso, ele faz parte da história, não como outro cidadão que, como ele, embarcou e, porventura, como ele, tenha regressado, mas como protagonista da sua própria epopeia
Amiga: que serve de simbologia espantosa para a epopeia dos Lusíadas
Hilário: foram 56 anos de vida, entre 1524 e 1580
Amiga: Camões pouco escreveu sobre si próprio. Quem não conhecer a obra e a história do homem, dentro da história de Portugal, não entende nada do que estamos a falar.
Carlos Ricardo Soares
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