sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Todos os caminhos vão dar a Roma

Eu afirmo: factos são factos, naturais ou culturais, coisas, objetos e, em relação a eles, digo que não são verdadeiros, nem falsos, porque verdadeiro ou falso não é da ordem do facto, nem do objeto, é da ordem do discurso, da linguagem, sobre o objeto. 

Uma maçã ou um burro não são verdadeiros nem falsos. Mas estas minhas afirmações podem ser questionadas como verdadeiras ou falsas. Ainda que suscitem questões de “porquê?”, “para quê?”, “como?”, o questionar, o mandar, o aconselhar, o manifestar gosto, preferência, ou vontade, não são problemas de verdade ou falsidade. Estes existem quando se está perante afirmações acerca de algo, de alguma realidade. 

Se tu disseres “segue o teu caminho” ninguém te acusará de seres verdadeiro ou falso, mas se disseres “o melhor é seguires o teu caminho”, ganha pertinência o problema da falsidade ou verdade da tua declaração, ainda que, neste caso, esteja referida a uma opinião, valoração subjetiva. Mas se disseres “esse caminho não leva ao lugar para onde queres ir”, o problema torna-se mais claro e, mais ainda, se especificares o lugar, por exemplo, “esse caminho não vai dar a Roma”.

Carlos Ricardo Soares

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