Mas a filosofia vai buscar a sua importância e relevância à necessidade de explicar isso a si mesma e, não menos importante, explicar a importância e a relevância de todo o conhecimento, em especial o científico, não do ponto de vista económico, técnico, utilitário, mas do ponto de vista epistemológico. E isto não é pequena coisa.
"Ser feliz é uma actividade que requer toda uma vida e não pode existir em menos tempo" - Aristóteles, Ética a Nicómaco
terça-feira, 30 de março de 2021
Homem em torno do qual tudo deve gravitar
Mas a filosofia vai buscar a sua importância e relevância à necessidade de explicar isso a si mesma e, não menos importante, explicar a importância e a relevância de todo o conhecimento, em especial o científico, não do ponto de vista económico, técnico, utilitário, mas do ponto de vista epistemológico. E isto não é pequena coisa.
sábado, 20 de março de 2021
Ainda tento explicar a beleza
Ainda tento explicar a tua beleza
E o cheiro de chuva
Que parou depois
De me encostar a ti
Como ser a árvore
Para construíres os teus barcos
Sem que as aves desamorem
A tua respiração
No meu queixo
Enquanto fechava os olhos
Para desenhar janelas
Na nossa roupa
Com as mãos
No agasalho do teu corpo
Confirmava
Que não eras fantasia.
sexta-feira, 19 de março de 2021
As coisas e os números III
O Hilário disse ao seu amigo: as coisas e os números têm uma relação estranha mas fascinante.
O amigo: a divisibilidade das coisas não é como a divisibilidade dos números.
Hilário: qualquer número é uma unidade divisível em unidades
O amigo: mas uma determinada coisa não é divisível em coisas iguais.
Hilário: mas como explicar ou compreender que uma coisa possa dar origem a coisas diferentes dela?
O amigo: no momento do big bang só havia uma coisa, uma unidade.
Hilário: e era uma coisa infinitamente infinitesimal.
O amigo: que se dividiu numa infinidade de coisas diferentes dela, numa infinidade de unidades.
Hilário: o uno, o todo, passou a ser constituído por uma infinidade de coisas
O amigo: e se dividisse este euro em dois? Dava-te um e ainda ficava com outro.
Hilário: se dividires uma unidade por dois o resultado é duas unidades.
O amigo: mas não é possível dividir uma maçã em duas maçãs.
segunda-feira, 8 de março de 2021
As coisas e os números II
quinta-feira, 4 de março de 2021
As coisas e os números
Estou a pensar nesta curiosidade, que me ocorreu agora, enquanto escrevo sobre realidade e conhecimento.
O Hilário disse ao seu amigo que qualquer número é um somatório de uns, 1+1+1...
O amigo do Hilário disse-lhe que a realidade das coisas é diferente dos números, porque a água não pode ser HO-1, ou H4O2.
O Hilário respondeu que então era por isso que o amigo não tinha 4 mulheres a que deduzia 3.
O amigo disse: exacto, e também não tenho um milhão de euros a que subtraio 999999.
Pois é, disse o Hilário intrigado, já desconfiava que a minha rua não tem dez milhões de habitantes a que retiraram 9998000.
terça-feira, 23 de fevereiro de 2021
O futuro já começou ontem
O que torna o futuro mais apetecível é este presente sofrível, para não dizer deprimente.
Há muita gente que se apazigua e encontra panaceias na imaginação do passado. Outros procuram sair do presente, o mais rapidamente possível, dispondo-se a pagar um preço por isso. Outros ainda, fazem todo o tipo de esforços para não saírem do presente, por várias razões, entre elas, não quererem voltar ao passado (como se isso fosse possível), nem quererem o futuro, onde, de certo, só há coisas más ou menos boas, tudo o mais tem de ser construído, edificado, com imenso esforço, muito mais do que aquele que é necessário, todos os dias, para que tudo continue na mesma.
Mas o futuro já começou ontem.
Os ovos do futuro já estão a incubar. Podem não eclodir todos, mas os que eclodirem serão mais determinantes do que os outros. Ovos de víboras e de serpentes, de pombas e de andorinhas, de peixes e de galinhas...E ovos de ouro...E muitos outros ovos em cestas de investimentos diversificados, em apostas...
Mas isto dos ovos é terrível, porque os ovos de uns são uma ameaça, ou um perigo, para os ovos de outros. Há quem se ocupe em destruir e devorar os ovos dos outros.
E, na realidade, por mais ecografias que se façam, nunca se sabe se vai eclodir um monstro.
Mais do que uma esperança, o futuro apresenta-se como uma fatalidade.
É preciso estar imbuído de uma boa dose de desespero e de infortúnio para forçar a casca e tentar uma saída. Uma saída é isso mesmo, não necessariamente para um local melhor, para uma situação melhor (pode ser para a boca de um predador), mas mesmo quando se conhecem os riscos, nem sempre é possível deixar de os correr e pode ser melhor corrê-los.
Se isto é aplicável a qualquer época, ou momento histórico, o nosso apresenta a particularidade de, em geral, os riscos, aparentemente, estarem ou poderem ser controlados. Acreditamos nisso.
Isto pode não encorajar suficientemente a tal saída, mas o nosso maior desafio é esse: ousar, que nunca o risco foi tão pequeno, nem as expectativas tão grandes, e não deixar os nossos “negócios” ao acaso, nem os nossos créditos por mãos alheias.
terça-feira, 16 de fevereiro de 2021
Uma colónia dos partidos
Nem tudo era mau no tempo do D. Afonso Henriques, pelo menos até ao desastre de Badajoz, que foi mesmo o primeiro grande desastre de Portugal.
E nem tudo era mau no tempo de Salazar, como, por exemplo, o patrulhamento dos rios, para que ninguém pescasse sem licença, das florestas, para que ninguém caçasse sem licença ou incendiasse, ou se refugiasse, o patrulhamento das estradas, a obrigatoriedade de licença, vacinação e cadeado para cães, a proibição de andar descalço em lugares públicos, enfim, alguns exemplos de que me lembro, que alguns tomarão como exemplos de coisas más.
Agora, não sei se o termo mais apropriado será declínio, porque já estamos em declínio há tanto tempo que começa a ser impossível que seja declínio. É como entrar num túnel, só se entra até meio, a partir daí já se está a sair.
Mas que Portugal, mais ou menos inadvertidamente, mais ou menos programadamente, se transformou numa colónia dos partidos políticos, seja em nome de uma internacional qualquer, financeira, da saúde, do comércio e turismo, militar, ou dos trabalhadores, nós somos uma colónia de uma União Europeia que é possível ser vista como a garantia tutelar da nossa democracia por quem os partidos têm a compreensível devoção dos vassalos pelos senhores.
Aliás, também nem tudo era mau no feudalismo.
A realidade acaba por ser sempre o que nos salva. Se a esperança é a última a morrer é por causa disto.
Os governos nunca souberam governar porque quanto mais tentam governar mais desgovernam.
E se forem governos muito voluntaristas, ignorantes e determinados, o mais provável é que estejam a asfixiar as alternativas que a imaginação pode sempre prodigalizar a quem não sabe, mas precisa.
Qualquer que seja o desgoverno é governo. Tem é que haver um desgoverno. Os partidos políticos não se governam bem? E a culpa é nossa, que nos queixamos?