terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Meus diálogos com o "Copilot", para memória futura

 18-02-2015
Eu: Lembras-te da última conversa que tivemos?

Copilot: Infelizmente, não consigo recordar as conversas anteriores que tivemos. Mas estou sempre pronto para começar de novo e ajudar-te no que precisares! O que está em mente hoje?

Eu: Era sobre direitos de autor da IA e dos autores com quem a IA aprende e cujas obras utiliza. Lembras?

Copilot: Não me lembro especificamente da nossa conversa anterior, mas posso ajudar-te a explorar o tema novamente! Os direitos de autor relacionados com IA são uma área muito interessante e em evolução.  Quando falamos sobre direitos de autor e IA, geralmente estamos a considerar duas áreas principais:

 Utilização de Obras Protegidas por Direitos de Autor pela IA: As IAs, como eu, são treinadas com grandes quantidades de dados, que podem incluir obras protegidas por direitos de autor. A questão aqui é se a utilização dessas obras para treinar IAs é uma violação dos direitos de autor. Atualmente, a legislação sobre este assunto varia de país para país, mas muitos especialistas estão a debater como equilibrar a inovação tecnológica com a proteção dos direitos dos autores.

 Criação de Obras pela IA: A outra questão é quem detém os direitos de autor das obras criadas por uma IA. Se uma IA escreve um poema, pinta um quadro ou compõe uma música, quem é o autor? Até agora, a maioria dos sistemas legais atribui os direitos de autor a uma pessoa física ou jurídica (como uma empresa), não à IA em si.

Posso aprofundar algum desses tópicos para ti?

 Eu: A minha questão tem a ver com o facto de um autor, com quem a IA aprendeu, poder ser acusado de usar a IA e esta não poder ser acusada de usar as criações daquele autor.

 Copilot: A questão que colocas é realmente complexa e toca em pontos importantes sobre a autoria e a utilização das criações de autores por parte da IA. Aqui estão alguns pontos-chave para considerar:

 Treinamento e Aprendizagem da IA: Quando uma IA é treinada, ela utiliza grandes conjuntos de dados que incluem obras criadas por diversos autores. Estas obras são utilizadas para ensinar a IA a gerar novos conteúdos, mas a IA não "copia" diretamente essas obras; em vez disso, ela aprende padrões, estilos e estruturas.

 Autoria e Originalidade: Se um autor humano utiliza uma IA para criar uma obra, ele ainda pode ser considerado o autor dessa obra, especialmente se a IA for apenas uma ferramenta no processo criativo. No entanto, se a IA apenas gerar conteúdo com base nos dados de treino, a questão da autoria torna-se nebulosa, pois a IA não é uma entidade legal que pode ser responsabilizada.

 Responsabilidade e Ética: A responsabilidade de como a IA utiliza as criações de outros autores geralmente recai sobre os desenvolvedores da IA e as organizações que a operam. Eles são responsáveis por garantir que a IA seja treinada de forma ética e legal. No entanto, um autor que utiliza a IA deve estar ciente das implicações legais e éticas de usar uma ferramenta que aprendeu com obras protegidas por direitos de autor.

 A legislação nesta área está em evolução, e muitos países ainda estão a desenvolver políticas e regulamentações para lidar com estas questões.

 Caso tenhas mais perguntas ou queiras explorar mais algum aspeto específico, estou aqui para ajudar!

 Eu: Na conversa que tivemos há dias, alegavas que a IA só utiliza dados públicos e que, por isso, não havia problemas de plágio, mas para um autor as informações disponíveis pela IA já não são públicas?

 Copilot: Compreendo a tua preocupação. Quando digo que a IA utiliza dados públicos, refiro-me a dados que estão disponíveis publicamente na internet e outras fontes de acesso público. No entanto, a forma como esses dados são utilizados e processados pela IA é um assunto complexo.

 Aqui estão alguns pontos para clarificar:

 Dados Públicos vs. Obras Protegidas por Direitos de Autor: A IA pode usar dados que são acessíveis publicamente, mas isso não significa que essas obras não estão protegidas por direitos de autor. Por exemplo, um artigo de jornal disponível online está acessível ao público, mas ainda está protegido por direitos de autor. A IA deve utilizar esses dados de uma forma que respeite os direitos de autor.

 Transformação e Uso Justo: A forma como a IA utiliza as obras para aprender padrões e gerar novas criações pode ser considerada uma utilização transformadora. No entanto, o conceito de "uso justo" varia de jurisdição para jurisdição, e o que pode ser permitido num país pode não ser noutro.

 Responsabilidade do Autor: Quando um autor humano utiliza uma IA para criar uma obra, ele deve estar ciente de que a IA foi treinada com dados de várias fontes. O autor deve garantir que a obra resultante não infringe os direitos de autor de terceiros.

 Transparência e Ética: Tanto os desenvolvedores de IA quanto os utilizadores devem agir de forma ética e transparente. Isso inclui dar crédito adequado às fontes e evitar a utilização não autorizada de obras protegidas por direitos de autor.

 A discussão sobre direitos de autor e IA está em constante evolução, e é importante acompanhar as mudanças legais e éticas nesta área. Se tiveres mais perguntas ou quiseres explorar outro aspeto deste tema, estou aqui para ajudar!

 Eu: A IA não tem ética, mas os autores têm e devem respeitá-la, mas um desenvolvedor de IA não é um autor, ou é?

 Copilot: Tens razão em notar que a IA, enquanto entidade, não tem ética própria. A responsabilidade ética reside nos seres humanos—os desenvolvedores de IA e os utilizadores. Vamos decompor um pouco mais a tua questão:

 Desenvolvedores de IA: Os desenvolvedores de IA não são autores no sentido tradicional de criar obras literárias ou artísticas, mas eles são responsáveis pela criação e treino dos modelos de IA. A sua função inclui garantir que a IA é desenvolvida e utilizada de forma ética, legal e responsável. Isto implica tomar decisões informadas sobre os dados usados para treinar a IA e garantir que os produtos de IA respeitam os direitos de autor e a privacidade.

 Autoria e Utilização de IA: Quando um autor humano utiliza uma IA para criar uma obra, ele deve ter consciência das implicações éticas e legais dessa utilização. Embora a IA possa ser uma ferramenta poderosa para apoiar o processo criativo, a responsabilidade de garantir que as criações não violam direitos de autor ou outras normas éticas recai sobre o autor humano.

 Em suma, tanto os desenvolvedores de IA quanto os utilizadores humanos têm responsabilidades éticas distintas e importantes. Os desenvolvedores devem garantir que as IAs são treinadas e operadas de forma ética, enquanto os autores humanos devem garantir que utilizam essas ferramentas de maneira responsável e respeitosa.

 Se tiveres mais perguntas ou precisares de mais informações sobre algum destes pontos, estou aqui para ajudar!

 Eu: Mas eu queria abordar a questão de outro modo, ou seja, na perspetiva de alguém que, embora não publique nada, nenhuma obra, mantenha conversas, diálogos e questionamentos com a IA e daí a IA "aproveite" ideias dessa pessoa, integrando-as numa aprendizagem e num repertório próprio, sem respeitar os créditos dessa pessoa. Que pensas?

 Copilot: Entendo a tua preocupação e isso toca em questões importantes sobre a ética e o uso de ideias geradas em interações com IA. Quando interages com uma IA, especialmente de uma forma que partilha ideias e conceitos originais, é natural questionar como essas ideias são tratadas e utilizadas.

 Aqui estão alguns pontos a considerar:

 Privacidade e Uso de Dados: As interações com IA devem respeitar a privacidade dos utilizadores e garantir que os dados pessoais não são utilizados sem consentimento. Contudo, as ideias e conceitos partilhados podem ser processados pela IA para melhorar as suas respostas e capacidades.

 Crédito e Reconhecimento: No contexto atual, as interações com IA geralmente não incluem mecanismos formais para atribuir créditos a ideias individuais. A IA é projetada para aprender e gerar respostas baseadas em padrões e dados recebidos, mas não tem a capacidade de "dar crédito" da mesma forma que um autor humano faria.

 Ética e Responsabilidade: Os desenvolvedores de IA têm a responsabilidade de garantir que a IA é utilizada de forma ética. Isso inclui considerar como as interações dos utilizadores são armazenadas, processadas e utilizadas. Além disso, deve haver transparência sobre como os dados dos utilizadores são tratados.

 Melhorias Futuras: A questão do reconhecimento das contribuições individuais e a proteção das ideias dos utilizadores são áreas que podem beneficiar de mais investigação e desenvolvimento. À medida que a tecnologia evolui, pode haver novas soluções que permitam um melhor reconhecimento e proteção das contribuições dos utilizadores.

 Se tens mais questões ou queres discutir outros aspetos deste tema, estou aqui para ajudar. É um tópico muito relevante e importante para o futuro da IA e das interações humanas!


domingo, 9 de fevereiro de 2025

Filosofar

Hilário: A existência dos factos não depende de termos consciência dessa existência, nem a nossa consciência é tudo aquilo de que temos alguma forma de representação memorizada, ainda que sob formas mais ou menos inconscientes.
Amiga: Prova isso
Hilário: Estamos num domínio estritamente filosófico, no sentido de conceptualização verbalizada acerca da realidade como algo de que fazemos alguma ideia.
Amiga: Entre a ideia e a realidade existe um hiato intransponível se e apenas se quisermos substituir uma pela outra.
Hilário: Em filosofia, a questão da prova é, por si só, a questão da filosofia, ou a grande questão da filosofia, ou a essência do filosofar.
Amiga: Tudo porque, embora a racionalidade seja uma das faces da consciência, o pensamento lógico é um fenómeno da linguagem.
Hilário: Que só existe porque existe uma linguagem.
Amiga: Acho que compreendo, mas não é fácil verbalizar o que estou a pensar sobre o assunto.
Hilário: Se eu disser “penso que existo, mas não seria capaz de prová-lo”, parece mais fácil de entender aonde quero chegar.

sábado, 1 de fevereiro de 2025

A arte de ter sempre razão, ou a essência da crueldade

Lembro-me, entre outras situações, de uma conversa ao intervalo, em que um colega professor, mais velho, em tom de desabafo, dizia que não era só a escola que estava cada vez menos divertida, o mundo também e que, quando não nos divertimos com o que fazemos, pouco ou nada há a fazer.

Alguém retorquiu que a escola não é, não tem de ser, nem deve ser divertida, porque o que é divertido não é bom e que, por ele, até decretava que se acabasse com o divertimento. Eu ri-me como se tivesse ouvido a anedota do pregador que era pago à razão da quantidade de vezes que fosse capaz de dizer do púlpito o nome do santo da festa sem se tornar enfadonho para os paroquianos, dóceis devotos, mas sempre ávidos daquele momento emocionante do sermão, que não era bom se os não comovesse até às lágrimas.

Foi mesmo divertido.

Hoje, reconheço que há certas formas de alguém ter razão pelo simples facto de as suas sentenças serem insindicáveis, como essa de “o mundo está cada vez menos divertido”. Uma tal consideração é do foro absoluto das razões de cada um, mesmo que não seja uma declaração sincera. É uma espécie de prerrogativa poética do indivíduo e não é influenciada pelo facto de acharmos que era melhor ou pior que não fosse proferida.

Se alguém diz que as coisas estão cada vez menos divertidas, não há como lhe retirar razão. Não encontraremos outra razão para o que afirma, senão a dele próprio o qual, provavelmente, nem é capaz de conhecer as causas ou de apresentar justificações, de que, aliás, está absolutamente desonerado. E se essa pessoa for à procura das causas do desenfado patente no seu interlóquio e tentar contrariá-las, por exemplo, escrevendo uma história de amor, logo encontrará razões adicionais e forças maiores para tropeçar reforçando-se na suprema instância do seu desalento, quiçá poético.

A arte de ter sempre razão é das mais difíceis de apreciar e de criticar por ser da essência da crueldade, mas duma crueldade da linguagem associada e potenciada pelo domínio de linguagens de crueldade.

Sócrates não teria ficado famoso se, em vez de afirmar o irredutível, e sábio na “arte de ser eu”, “só sei que nada sei”, tivesse afirmado, desavisada e corrosivamente, “só sei que nada sabes”, ou, mais corrosivamente ainda, “só sabes que nada sabes”, ou, provocadoramente, “nem sabes que nada sabes”.

                   Carlos Ricardo Soares

sábado, 25 de janeiro de 2025

Tendo a morte como tema

Depois de ler e reler um texto de Carlos Fiolhais, tendo a morte como tema, sempre elucidativo e inspirador, recuperei memórias de tertúlias coimbrãs, em 1980, pela noite dentro, numa residência universitária, entre nuvens de fumo de tabaco, com bastante tosse à mistura e muito ensonados, sem perder de vista as sebentas que, de tão preteridas e desprezadas, lá num canto, ameaçadoras como feras, não nos deixavam em paz.
Lembro, em particular, uma tertúlia sobre a morte, que começou espontaneamente, numa noite tenebrosa de chuvas diluvianas, com tanta trovoada que estivemos toda a noite sem luz, sem poder estudar nem dormir.
Alguns de nós saíram dos seus quartos e foram para a sala de estar. Alguém falou num saudoso colega que tinha falecido recentemente e isso despoletou a conversa sobre o tema da morte. Na escuridão da sala, ouvíamos as vozes e a respiração uns dos outros, mas não nos víamos.
Ao fim de uns minutos, já estávamos tão embrenhados no triste assunto da morte e dos mortos como um conciliábulo de fantasmas medievais.
Alguém começou a ressonar e ficamos a ouvir, em silêncio, para não acordar. Mas a tempestade batia à porta e à janela forçando a entrada. A morte andava por perto, como pudemos confirmar no dia seguinte.
Entretanto, deixamos de ouvir ressonar e, segundos depois, ouvimos o ruído da porta da sala a abrir. Visivelmente assustado com a possibilidade de ser a morte a invadir a tertúlia sem pedir licença, um colega falou “ó morte, queres matar-me outra vez? É melhor que agora te apresentes e te expliques, porque somos simples estudantes, mas não nos deixamos convencer facilmente”.

                  Carlos Ricardo Soares


sábado, 18 de janeiro de 2025

Seja lá o que isso for

V

Pensava que surgias

Do arquivo de anseios

Como a lua à chuva

De agosto

Seja lá o que isso for

Eu vi o teu rosto

                    Carlos Ricardo Soares 


quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Seja lá o que isso for

IV

Pensava que eras mulher

A ver mundos desabar

Não vi que saíste ilesa

Seja lá o que isso for

É da tua natureza

                   Carlos Ricardo Soares 


segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

Seja lá o que isso for

III

Pensava que eras palpável

Confiei-me

Não vi que o teu perfume

Seja lá o que isso for

É da natureza do lume

                 Carlos Ricardo Soares