Hilário: A existência dos factos não depende de termos consciência dessa existência, nem a nossa consciência é tudo aquilo de que temos alguma forma de representação memorizada, ainda que sob formas mais ou menos inconscientes.
Amiga: Prova isso
Hilário: Estamos num domínio estritamente filosófico, no sentido de conceptualização verbalizada acerca da realidade como algo de que fazemos alguma ideia.
Amiga: Entre a ideia e a realidade existe um hiato intransponível se e apenas se quisermos substituir uma pela outra.
Hilário: Em filosofia, a questão da prova é, por si só, a questão da filosofia, ou a grande questão da filosofia, ou a essência do filosofar.
Amiga: Tudo porque, embora a racionalidade seja uma das faces da consciência, o pensamento lógico é um fenómeno da linguagem.
Hilário: Que só existe porque existe uma linguagem.
Amiga: Acho que compreendo, mas não é fácil verbalizar o que estou a pensar sobre o assunto.
Hilário: Se eu disser “penso que existo, mas não seria capaz de prová-lo”, parece mais fácil de entender aonde quero chegar.
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