"Ser feliz é uma actividade que requer toda uma vida e não pode existir em menos tempo" - Aristóteles, Ética a Nicómaco
sexta-feira, 28 de junho de 2024
Perdigão perdeu a pena não há mal que lhe não venha
quinta-feira, 20 de junho de 2024
Eclipses
O eclipsar das luzes
Não é para todos os olhos
E dura o instante
Impecável
Da geração do escuro
Todos têm acesso
A uma lanterna
Na escuridão
Que dura um tempo
Suficiente para criarmos
Todas as fantasmagorias
Até os quadros mais antigos
Retratam a decadência nascente
Do que virá a ser
Decadente
Até as fotografias captam
O instante
Em que as luzes deixam
De iluminar
O momento seguinte.
Carlos Ricardo Soares
quarta-feira, 5 de junho de 2024
sexta-feira, 31 de maio de 2024
A lira
quinta-feira, 16 de maio de 2024
Se desvelam
Se desvelam
É muito mais o que
A si revelam
Se aos olhos
Mostram
Promessas
Talvez só
Na imaginação
A pujança
Tão delicada
Da dança
Dos sentidos
É uma explosão
Tão subtil e disfarçada
Que nem parece
Que não estão
A mostrar nada.
Carlos Ricardo Soares
quinta-feira, 25 de abril de 2024
A bandeira da Liberdade
A bandeira da Liberdade. Porque abril é sempre primavera.
A minha esperança na educação, como no resto, é fruto da minha constatação,
desde sempre, de que, em liberdade, havendo condições de liberdade, a cultura, por si mesma, gera progresso. Ou seja, o progresso é inerente ao processo cultural, que é o processo pelo qual o homem,
em liberdade, escolhe o melhor, no quadro das possibilidades.
A Educação deve abster-se de agitar bandeiras.
A única bandeira, se houvesse uma, que ficaria bem à Educação,
seria a da Liberdade.
O conceito de progresso é muito problemático e quando vejo alguém a usar o termo como uma bandeira fico preocupado, mesmo que esse uso se tenha banalizado, ou faça parte
daqueles lugares comuns a que todos torcem o nariz e ninguém é capaz de dizer não.
Quando é um grupo, ou um partido, seja de humanistas, da verdade, de Deus, ou de outra coisa qualquer, a agitar
a bandeira de progresso, ainda fico mais preocupado.
É na Liberdade, no quadro das possibilidades, subjetivas e objetivas, que o indivíduo opera as suas escolhas (e não as dos outros), e estas devem
ser o mais livres possível, não devem ser tolhidas com repressões e opressões e práticas de submissão que se reproduzem em espirais de discriminação, de desigualdades,
de violência e de injustiça.
Sabemos que só há um modo de o indivíduo realizar e exercer as suas capacidades e aptidões mentais conscientes a que não temos diretamente acesso: é pelo processo do seu próprio pensamento, pela sua racionalidade, pelo “cruzamento de dados e de informações” que opera. Não sabemos o que vai na sua cabeça, mas podemos, até um certo ponto, saber que cada cabeça sua sentença. Cada indivíduo é uma instância moral irredutível, ainda que não seja uma instância irredutível de conhecimento.
De qualquer modo, e também por isso, os efeitos, as consequências, as implicações, os imprevistos, a criatividade, a inovação, da Educação,
tirando um escasso espectro de adestramentos e de manifestações de competências aprendidas, que são normalmente avaliadas e classificadas para fins académicos e profissionais, extravasam imensamente
tudo o que se possa imaginar. Caso para dizer que há mais vida para além da Educação.
Onde as pessoas têm liberdade de escolha o progresso acontece "naturalmente", diria mesmo
que só na liberdade de escolha o progresso acontece como um determinismo. E isto deve dar-nos esperança e tranquilidade, desde que asseguremos a tal liberdade sem a qual os problemas se multiplicam. Em liberdade,
o confronto com o tradicional faz parte do tradicional e é desse confronto que, também, resulta o progresso. Mas não se promove a liberdade quando se trabalha para a desinformação.
Iria
mais longe, até ao paradoxo democrático, de dizer que não se promove liberdade quando se promove um partido, nem talvez quando esse partido fosse o partido da liberdade.
quarta-feira, 10 de abril de 2024
Parecendo que não
Parecendo que não
A fanfarra acaba
Na noite de luar
Não meço anos-luz
Nem fulgem rios
De memória
Como se um barco
Afinal
Não estivesse parado
No meu tempo.
Carlos Ricardo Soares