"Ser feliz é uma actividade que requer toda uma vida e não pode existir em menos tempo" - Aristóteles, Ética a Nicómaco
sábado, 23 de outubro de 2021
Democracia e Cultura (visível e escura)
A cultura é isto. É tudo aquilo
que a humanidade, através dos indivíduos que a constituem, produziu, de alguma forma
objectivada, em sons, imagens, sinais, artefactos, enfim, meios de comunicação,
construções, marcas, registos, efeitos, resultados, intencionalmente, exercendo
uma escolha, numa panóplia de possibilidades, entre as quais, escolher não
escolher, conquanto as não escolhas não tenham originado cultura, por falta de
objectivação. Essa matéria escura da cultura, ainda hoje, até pode ser mais
abundante e determinante do que a outra, que se manifesta em acto de
objectivação, mas não deixa rasto.
A organização
política da sociedade, pela sua própria natureza, é cultura que se objectiva. E
entre os seus desígnios está alargar ou encolher o horizonte de possibilidades
de escolha, sendo que a possibilidade de o indivíduo escolher não escolher,
está sempre presente, quer o indivíduo tenha consciência, ou não, de que não
escolher tem implicações, corresponde a uma escolha.
Democratizar a
cultura faz sentido, até porque, se a cultura é produzida pelos humanos, nem
todos os humanos produzem cultura em igual medida e nenhum humano produziu ou
produz a cultura toda. De igual modo, nenhum humano tem acesso à cultura toda,
senão a uma pequeníssima parte.
E democratizar a cultura não significa,
nem corresponde a produzir cultura democraticamente.
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