Sobre as
humanidades, direi simplesmente que o seu estudo é talvez das áreas de estudo
mais complexas e exigentes e inabarcáveis.
O seu fascínio pode levar à ruína os
espíritos mais apaixonados pelo saber, porque o saber, não ocupando lugar,
também não enche barriga. E o saber das humanidades não é dos elegíveis para
criação de riqueza económica e, como as virtudes em geral, não é disputado nos
mercados, nem está nas ligas de campeões.
Quanto ao
declínio do ensino das humanidades, parece-me que estamos no domínio das perceções e, aqui, não
há como garantir sequer um mínimo de plausibilidade.
O ensino já não é o que
era.
Já nada é o que era.
Numa sociedade da informação (talvez mais da
indústria do espetáculo) o ensino já não ocupa o centro e o palco foi-lhe
"roubado". Vivemos num tempo em que o palco parece (é) tudo. Quem não
está no palco não tem importância, como se (pense-se na política), só o que tem
importância é que está no palco.
Todavia,
quando falamos de palco temos presente que não é o palco que faz o ator. O
palco é qualquer lugar, pode ser na rua, em cima de uma árvore, fechado num
quarto... desde que tenha visibilidade e quem observe.
O palco não faz o ator
no mesmo sentido em que o ator faz o palco.
E há no
ensino especificidades substanciais e dinâmicas de ensino-aprendizagem,
avaliação...que fazem da questão do palco um aspecto lateral e subsidiário.
No ensino,
ainda é preciso, muitas vezes, que os aprendizes assumam e queiram ser os
atores principais num palco de todos.