terça-feira, 16 de maio de 2017

Fundamentos civilizacionais


É importante que tenhamos consciência de que conhecimento científico se distingue do conhecimento vulgar ou senso comum e que esta distinção não é apenas de grau. Em muitos aspetos o conhecimento científico é paradoxal e contraditório relativamente ao senso comum, o que dificulta/impede a vulgarização do conhecimento científico. Este apela, exige, uma formação, disciplina, que não se compadece com saberes de audiva. Por outro lado, a motivação para a formação, em geral, depende de muitos fatores e, entre eles, a curiosidade/interesse, até não será o principal.
Os casos de paixão, seja pelo conhecimento, seja pelas artes, seja pelas vertentes da vida, em geral, também são, paradoxalmente, pouco conhecidos.
Em termos de conhecimento científico, pelo menos, a paixão, supostamente.
Aparte estas questões, os desafios prefiguram-se imensos, até para quem ousar empreender um percurso científico, quando estamos inseridos e mergulhados num universo regido por culturas, ideologias, políticas e religiões, que são o "modus vivendi" natural e relevante, que têm o conhecimento científico na conta de especialidades herméticas.
Se ganharíamos em ter mais pessoas envolvidas e dedicadas à ciência? Quantas mais melhor. O que poderá ser feito para cativar pessoas para a ciência?
Atualmente vive-se uma crise de vocações em todas as áreas, todos se queixam, a começar na igreja católica com falta de sacerdotes e a acabar na política, com falta de candidatos idóneos.
Historicamente, se não me engano, o poder económico tende a "ditar" os rumos, de sacerdotes, políticos, cientistas, filósofos, artistas...
Mas há valores que, em determinados momentos históricos, sobrelevam ao poder económico opressivo e obscurantista, que se reclamam da luz, da inteligência e da liberdade, que agregam sociedades e fundam civilizações.
O conhecimento científico é apenas um deles, que convive e emparceira com fundamentos/projetos ideológicos, mais ou menos operacionalizados politicamente e com religiões cujos fundamentos/cânones se revelam suficientemente representativos para que lhes seja reconhecido um estatuto de legitimidade que rivaliza largamente com qualquer formação político-partidária.

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