sexta-feira, 30 de junho de 2017

Atores principais num palco de todos


     Sobre as humanidades, direi simplesmente que o seu estudo é talvez das áreas de estudo mais complexas e exigentes e inabarcáveis. 
     O seu fascínio pode levar à ruína os espíritos mais apaixonados pelo saber, porque o saber, não ocupando lugar, também não enche barriga. E o saber das humanidades não é dos elegíveis para criação de riqueza económica e, como as virtudes em geral, não é disputado nos mercados, nem está nas ligas de campeões.
     Quanto ao declínio do ensino das humanidades, parece-me que estamos no domínio das perceções e, aqui, não há como garantir sequer um mínimo de plausibilidade. 
     O ensino já não é o que era. 
     Já nada é o que era. 
     Numa sociedade da informação (talvez mais da indústria do espetáculo) o ensino já não ocupa o centro e o palco foi-lhe "roubado". Vivemos num tempo em que o palco parece (é) tudo. Quem não está no palco não tem importância, como se (pense-se na política), só o que tem importância é que está no palco.
    Todavia, quando falamos de palco temos presente que não é o palco que faz o ator. O palco é qualquer lugar, pode ser na rua, em cima de uma árvore, fechado num quarto... desde que tenha visibilidade e quem observe. 
    O palco não faz o ator no mesmo sentido em que o ator faz o palco.
    E há no ensino especificidades substanciais e dinâmicas de ensino-aprendizagem, avaliação...que fazem da questão do palco um aspecto lateral e subsidiário.

    No ensino, ainda é preciso, muitas vezes, que os aprendizes assumam e queiram ser os atores principais num palco de todos.

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