Por mais que eu confie na minha capacidade de interpretar e de confirmar as informações e as explicações da ciência, é legítimo e de bom senso que reconheça, primeiro, que posso estar enganado, iludido, alucinado, manipulado, viciado, errado, e, em segundo lugar, que, na realidade, estou apenas a confiar naquilo que me dizem, sendo que, mesmo os que me dizem, por exemplo, que existe o sistema solar, etc., nunca tiveram a experiência de o observar, isto para quem a necessidade de observação, nem que seja "a posteriori" da teoria, como acontece frequentemente em ciência, é uma condição essencial do conhecimento.
Presunção, água benta e certezas, cada um toma as que quer.
Sem embargo de que não basta afirmar é preciso demonstrar.
Escudar-se naquilo que outros
disseram é como mandar ler os livros sagrados que está lá tudo. Isto pode ser uma estratégia que funciona para gente crédula que não sabe ler e até o nosso ensino, em boa parte,
ainda reproduz aquele modelo catequético que sucedeu, com muito sucesso, passe a redundância, ao grave e reverenciado latim, abrindo espaço para que mais e mais papagaios, uns mais do que outros, se sentissem
úteis.
Carlos Ricardo Soares
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