terça-feira, 2 de junho de 2020

Valor moral, sacrifício e felicidade

Seria interessante não dar como suposto o que é o bem e o que são boas acções. Assim, somos colocados abruptamente numa espécie de teoria do pecado ou do mérito, justamente o que precisamos de analisar. Em qualquer caso, nas questões morais, ou de ética (política, profissional, religiosa, jurídica...), estando em jogo um interesse egoístico e um sentido de dever, o foro da consciência, se não for o tribunal supremo, será o critério para ajuizar sobre o "valor moral", que será tanto maior quanto menos coincidente for o interesse egoístico com o dever de sentido contrário. Qualquer juízo moral ojectivo deparará com a impossibilidade de acesso à consciência do sujeito. Salvaguardando isto, o valor moral de uma acção tenderá a ser inversamente proporcional, ou mais, ao interesse egoístico do sujeito da acção, se este interesse não for coincidente com o interesse que "transcende" aquele. E se for? Ou seja, praticar acções que nos fazem felizes, independentemente de serem boas acções (segundo qualquer suposto critério de bondade), terá tanto menos valor moral quanto mais nos fizerem felizes? A minha (in)felicidade é a medida do valor moral daquilo que faço ou deixo de fazer? Claro que não. A questão nem é de felicidade, mas de sacrifício. Todo o comportamento só adquire valor moral a partir de certo momento que envolve consciência e "escolha" de algum tipo ou forma de sacrifício. A felicidade até pode ser fruto disso.

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