sábado, 10 de dezembro de 2016

Fins lucrativos

Os fins lucrativos...Não é que justifiquem coisa alguma, mas são a charneira do capitalismo, justificados pelo capitalismo enquanto modo de produção que tem tido uma história cujas coerências, até "há pouco", sobrelevavam as incoerências. Refiro coerências como poderia dizer lógica do jogo, ou lógica dentro de um universo. A atenção dos agentes económicos está e "não pode" deixar de estar "presa" a tudo e quase só o que é susceptível de lucro. Existe outra coisa?-pergunta o jogador.
As humanidades (direito, ordem, segurança, filosofia, educação, antropologia, história, ciência da religião, arqueologia, teoria da arte, cinema, dança, teoria musical, design, literatura, letras, filologia, etc.) estão para as outras ciências, de algum modo, no que respeita a lucros, como o campo está para o agricultor e os oceanos para o pescador.
A democracia e a plutocracia são duas faces da realidade atual, a pobre a quem é concedido sobreviver mediante vassalagem e a rica que se louva nas virtudes da pobre.
Se porventura houvesse investimento nas ciências humanas, que de longe se parecesse com o que tem sido feito nas outras ciências/tecnologias (que também são humanas, obviamente), e nem precisava de ser aproximado do que se faz, por exemplo, no futebol, acredito que todas as causas da humanidade perdidas nos últimos séculos, incluindo guerras, teriam sido ganhas no tribunal do conhecimento. Mas a cegueira ocupa o topo da hierarquia dos poderes, não por mérito de visão, mas por inerência da cupidez...e dos fins lucrativos.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Perspetivas críticas


Não vou alargar-me em considerações, mas louvo a análise que é feita com abertura de perspetivas críticas.
Todas as estratégias e metodologias para ensinar padecem do mesmo vício, qual seja o de, eficientemente, quererem "levar" o aprendiz a saber, fazer, reproduzir, determinadas matérias que lhe são alheias.
Há em tudo isso uma violência, que alguns louvam, mas que uma boa parte, preferia não ter sofrido.
Sempre (sempre) no pressuposto do interesse do próprio, submete-se o indivíduo, não apenas a uma visão (religião, ideologia, crença), mas também a uma condição inelutável de "estar sujeito".
O haver "um preço a pagar para..." já é uma situação de privilégio. Abandonada a pedagogia da palmatória e do chicote, nem por isso se deixou de recorrer a instrumentos de persuasão, de coerção e de humilhação e de castigo.
Em geral, assiste-se, hoje, a uma culpabilização da criança e do jovem, primeiro, por viverem à custa de alguém, nomeadamente dos subsídios para a sua formação (obrigatória).
É óbvia a dificuldade de lhes imputar responsabilidades pelo que quer que seja. Sê-lo-ia se fossem adultos, muito mais por o não serem.

É toda uma filosofia e uma concepção sobre a natureza do homem e os processos de socialização/aprendizagem, que subjazem ao paradigma educacional atual, que vale a pena questionar e pôr em causa.