Hilário: a poesia é o que te falta
Quando pensas que tens tudo
Amiga: e é o que te resta
Quando sentes
Que tudo o que tens
Não importa
Hilário: essa oxidação
Das dores e das agruras
E dos sangramentos
Amiga: que fermentam
Em vinhos inebriantes
Ou em divino vinagre
Hilário: que nem aos deuses
Nem ao diabo
Dispensas
Amiga: por mais que ergam as taças
Suspensas como uma maldição
Hilário: dos mortais vingados
Como cangaços no alambique
Amiga: libertam álcoois etéreos
Com que se enaltecem
Mais que perfeitos.
Carlos Ricardo Soares