É importante que tenhamos consciência de que
conhecimento científico se distingue do conhecimento vulgar ou senso comum e
que esta distinção não é apenas de grau. Em muitos aspetos o conhecimento
científico é paradoxal e contraditório relativamente ao senso comum, o que
dificulta/impede a vulgarização do conhecimento científico. Este apela, exige,
uma formação, disciplina, que não se compadece com saberes de audiva. Por outro
lado, a motivação para a formação, em geral, depende de muitos fatores e, entre
eles, a curiosidade/interesse, até não será o principal.
Os casos de paixão, seja pelo conhecimento, seja
pelas artes, seja pelas vertentes da vida, em geral, também são,
paradoxalmente, pouco conhecidos.
Em termos de conhecimento científico, pelo menos,
a paixão, supostamente.
Aparte estas questões, os desafios prefiguram-se
imensos, até para quem ousar empreender um percurso científico, quando estamos
inseridos e mergulhados num universo regido por culturas, ideologias, políticas
e religiões, que são o "modus vivendi" natural e relevante, que têm o
conhecimento científico na conta de especialidades herméticas.
Se ganharíamos em ter mais pessoas envolvidas e
dedicadas à ciência? Quantas mais melhor. O que poderá ser feito para cativar
pessoas para a ciência?
Atualmente vive-se uma crise de vocações em todas
as áreas, todos se queixam, a começar na igreja católica com falta de
sacerdotes e a acabar na política, com falta de candidatos idóneos.
Historicamente, se não me engano, o poder
económico tende a "ditar" os rumos, de sacerdotes, políticos, cientistas,
filósofos, artistas...
Mas há valores que, em determinados momentos
históricos, sobrelevam ao poder económico opressivo e obscurantista, que se
reclamam da luz, da inteligência e da liberdade, que agregam sociedades e
fundam civilizações.
O conhecimento científico é apenas um deles, que
convive e emparceira com fundamentos/projetos ideológicos, mais ou menos
operacionalizados politicamente e com religiões cujos fundamentos/cânones se
revelam suficientemente representativos para que lhes seja reconhecido um
estatuto de legitimidade que rivaliza largamente com qualquer formação
político-partidária.