segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Derivas ideológicas

Vale a pena pensar no problema das derivas ideológicas e equacioná-lo no tempo, para termos uma perspectiva espácio-temporal que nos ajude a medir proporcionalidades e tentar compreender os fenómenos. 

A mim, intriga-me e instiga a minha curiosidade, por exemplo, que no extraordinário curto período de cerca de 60 anos, numa época sem TV, de analfabetismo generalizado, muito longe das comunicações do nosso tempo, o marxismo, os movimentos sindicais, as lutas e reivindicações dos trabalhadores se tenham generalizado e disseminado por toda a parte, com grande sucesso. 

E que, o muito que a esses movimentos devemos, apesar dos custos de revoluções, guerras e conflitos de todo o tipo, tenha sido tão facilmente ofuscado e ignorado numa época em que dispomos de meios sofisticadíssimos de comunicação social. 

Parece que as condições que explicam o sucesso daqueles movimentos socialistas foram sendo afastadas a tal ponto que o sucesso desses movimentos ditou que perdessem algum do seu sentido, como alguém que abandona a medicação por se sentir curado. 

Ora, estamos a assistir a um recrudescer das infecções por abrandamento de anticorpos. 

É certo que já não estamos nos alvores da revolução industrial e da exploração do proletariado e que podemos contar com um armário cheio de medicamentos e de terapias. Os próprios vírus sofreram mutações irreversíveis. 

Tudo isto exigirá que se actualizem os antídotos, uma vez que as vacinas já não produzem efeitos.

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