quarta-feira, 27 de julho de 2022

Inteligência A./consciência A.

A reflexão sobre o problema da consciência artificial sugere-me que ela será um desenvolvimento inevitável da inteligência artificial e que as ameaças daí derivadas talvez não tenham tanto a ver com o pressuposto pessimista de que a consciência natural esteja cada vez menos inteligente.
Estou até convicto, embora não convencido, de que a inteligência artificial, sob todas as suas formas (pelo menos as que eu suponho), veio incrementar extraordinariamente os processos de inteligibilidade e de inteligência e de consciência humanos. 
Se não no âmbito dos indivíduos, cuja capacidade para entender e pensar os problemas numerosos e crescentes pode estar condicionada por fatores que não dependem exclusivamente da sua disponibilidade física e mental para o fazer, pelo menos, no âmbito das organizações, políticas, técnicas, militares, científicas, educativas, judiciais, económicas, acredito que a consciência artificial poderá ser a chave para resolver o problema, até agora insolúvel e cada vez mais insuportável, de a humanidade estar refém de um qualquer terrorista que detenha o poder nuclear de destruir. Neste caso especialmente crítico e relevante, acredito que as decisões militares vão ser monitorizadas pela inteligência e pela consciência artificial de um modo muito mais complexo e completo do que, por exemplo, o diagnóstico de uma doença em que não é o médico que controla a máquina, mas é a máquina que controla o médico. 
Ou seja, nenhum militar e nenhuma equipa de militares achará que pode ou sabe que decisão tomar, porque isso não contará para nada, uma vez que a inteligência/consciência artificial o fará, garantidamente, com melhor sucesso. 
Para dar o exemplo da invasão da Ucrânia pela Rússia, acredito que, embora não fosse preciso inteligência/consciência artificial para chegar a essa conclusão, se Putin dispusesse dela (inevitavelmente, não seria ele a dispor dela, mas seria ela a dispor dele) nem teria pensado na invasão como uma solução para os problemas, que também seriam problemas diferentes dos dele, por via dessa inteligência artificial. E assim sucessivamente. 
Os problemas e as suas soluções serão aqueles que a IA determinar. Não vejo aqui nenhuma ameaça aos humanos, pelo contrário, a IA determinará que qualquer ameaça será um problema e, não apenas o sinaliza para que o conheçamos e tenta neutralizá-lo, como até o previne e impede os seus efeitos. A IA e a consciência artificial só têm de o ser e, se o forem, não há problema. 
Na realidade, o nosso problema, os problemas da humanidade, ao longo do tempo, é a nossa incapacidade para resolver os problemas de consciência e de inteligência. 
Cometemos erros atrás de erros, alguns deles brutais, com consequências horrendas e irreversíveis, movidos por visões completamente injustificáveis de qualquer perspetiva de uma inteligência avançada e de uma consciência que não seja vulnerável, nem suscetível a alucinações, individuais ou coletivas.

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