A minha teoria,
passe a imodéstia (e já estou a lançar uma provocação) sobre a racionalidade e
o início da racionalidade, que neurocientistas mapearão no caminho dos sistemas
de cognição dos seres vivos até ao sistema de consciência, é que a
racionalidade é um acto de consciência acerca de relações entre dois ou mais
termos (representações), assumindo, ou não, valores. A maior confusão que existe,
no que toca ao discurso sobre a realidade, seja cultural ou meramente natural
(física), tem a ver com a ideia de que, por exemplo, o pensamento mitológico
não é racional ou não é tão racional como outros pensamentos racionais. A minha
teoria é que o pensamento humano, desde o início, é racional e que o racional,
além de ser uma aptidão natural dos seres vivos, atingiu as proporções, ou a
escala, ou o calibre, que tem no ser humano, pela capacidade neurológica deste
em exercer essa racionalidade sobre termos abstratos, ainda que meramente
imaginados, ou inferidos, numa teia sem fim. De modo que o pensamento racional
não é por ser racional que merece credibilidade, ou que corresponde a factos.
Mas temos toda a
cultura e civilização para ilustrar esse fenómeno da racionalidade sobre dados
falseados, ilusórios, viciados, fictícios, meramente hipotéticos.
O nosso problema
não é a racionalidade, mas os termos, ou os dados, sobre os quais ela opera e o
modo, mais ou menos condicionado, como opera.
A nossa
racionalidade sobre os fenómenos naturais não é mais, nem menos, do que a
racionalidade dos primitivos de pensamento mitológico, ou de que os
contemporâneos de pensamento teológico-católico, ou astrofísico. Os termos, ou
os dados sobre os quais se exerce é que são outros.
Daqui por uns anos,
a nossa racionalidade não será considerada pior se alguém descobrir que tudo
aquilo em que acreditamos, neste momento, é mero efeito do sistema cognitivo
que temos.
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