Dou
comigo a pensar que a realidade já ultrapassou, há muito, os modelos sociais,
económicos, políticos, ideológicos, religiosos, científicos...que continuamos a
defender, mas que, como paradigmas falidos, nada mais têm para nos proporcionar
do que a vista do abismo.
Os nossos
sistemas de inteligência (num sentido muito amplo) estão acoplados aos nossos
sistemas de interesses, de tal modo que, dificilmente, a nossa visão das coisas
não é "toldada" pelo nosso interesse (determinado pelas variáveis
envolventes).
Por exemplo, recuando há cerca de 200 anos, ninguém "profetizaria", na euforia das revoluções, que o capitalismo encontraria os seus limites mais decisivos, não no seu princípio de incentivo à iniciativa e ao empreendedorismo, mas na necessidade de travar os efeitos demolidores das atividades humanas focadas nos lucros, uma vez que estes são cegos, surdos, mudos e têm como "racionalidade" o poder (razão necessária e suficiente).
Ora, o que há 200 anos parecia ser uma estratégia promissora, num planeta ainda intacto, imenso e "inesgotável", também ditava uma visão das políticas...educativas, em consonância.
Por exemplo, recuando há cerca de 200 anos, ninguém "profetizaria", na euforia das revoluções, que o capitalismo encontraria os seus limites mais decisivos, não no seu princípio de incentivo à iniciativa e ao empreendedorismo, mas na necessidade de travar os efeitos demolidores das atividades humanas focadas nos lucros, uma vez que estes são cegos, surdos, mudos e têm como "racionalidade" o poder (razão necessária e suficiente).
Ora, o que há 200 anos parecia ser uma estratégia promissora, num planeta ainda intacto, imenso e "inesgotável", também ditava uma visão das políticas...educativas, em consonância.
A palavra
de ordem era "explorar, desbravar, esventrar, transformar, romper
barreiras, construir, industrializar, dinamizar, mecanizar, consumir...".
Nem por um momento se pensava que tudo isso era o princípio de um momento efémero, de um ápice, e o mais autodestrutivo da história.
Não havia religião, ideologia ou ciência que se apercebessem de que o mundo iniciara uma aventura perigosa; pelo contrário, até das pobrezas, das explorações humanas e das guerras, se extraía um otimismo reinante, sob os auspícios e a suprema legitimação dos ganhos materiais (que se justificavam a si mesmos).
Nem por um momento se pensava que tudo isso era o princípio de um momento efémero, de um ápice, e o mais autodestrutivo da história.
Não havia religião, ideologia ou ciência que se apercebessem de que o mundo iniciara uma aventura perigosa; pelo contrário, até das pobrezas, das explorações humanas e das guerras, se extraía um otimismo reinante, sob os auspícios e a suprema legitimação dos ganhos materiais (que se justificavam a si mesmos).
Não é de
estranhar que, nesse "clima", não houvesse contemplações para com
miseráveis e até os poetas e os bardos infelizes, que expressavam angústias de
músicos perturbados por ruídos cada vez mais insuportáveis, não passavam de uns
acidentes...
Aliás,
para os sentimentos "negativos" e angústias "inexplicáveis"
havia terapêutica médica e, como prevenção, a educação.
Bem,
abreviando, não é apenas o sistema de educação que tem de ser repensado. O
mundo já não é o que era e os paradigmas em que se baseou a atividade humana
que nos conduziu até aqui, já mostraram os perigos em que nos colocaram. A
própria ideia de empreendedorismo tem um significado diferente do que teria há
100 anos.
Os
Estados não vão permitir mais que os grandes interesses coletivos sobre o
ambiente, os solos aráveis, a vida dos oceanos, os recursos naturais, em geral,
a educação, a saúde e a justiça, fiquem nas mãos de indivíduos que têm como
único critério de ação a obtenção do máximo proveito pecuniário.
No tocante à
ciência, não vejo mal nenhum em que os Estados a deixem por conta dos
interesses privados, desde que não se coloquem em situação de dependência e de
subserviência relativamente a esses interesses.
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