Tudo tem a ver com tudo: ciência com poesia,
cultura com ciência, artes com desportos, ciência com artes, tecnologias com
humanidades, matemática com música, estrelas com lágrimas, saudade com
diamantes, etc...
O problema das relações entre ciência e cultura, todavia, parece-me não ser um
problema de concorrência e de rivalidade, (na competição pela valia e domínio,
mais do que pela verdade), como o não são as relações entre as diversas artes e
desportos.
Incrivelmente, dado o estatuto da ciência, alguns profissionais de ciência,
tal como alguns profissionais de santidade, e de fantasias, mais do que verem
rivalidade (ou perigo) entre o que seja manifestação cultural e ciência, de
preferência matemática, física ou química, laboram numa espécie de menosprezo
recíproco.
Em meu entender, o problema não é das ciências, nem das artes, nem dos desportos, nem das humanidades. O problema é querer vê-lo onde não existe.
Em meu entender, o problema não é das ciências, nem das artes, nem dos desportos, nem das humanidades. O problema é querer vê-lo onde não existe.
As perspetivas sobre a realidade (e que realidade?) não são o problema, nem
o objeto de análise/síntese (e que tipo de análise/síntese?) nem os objetivos,
interesses, etc.. E, por exemplo, no que respeita às artes e às práticas
desportivas, as perspetivas podem não fazer parte.
A minha música e o meu futebol vão lindamente com a minha sardinha assada e
o meu telemóvel e o Álvaro de Campos e a minha matemática e a minha farmácia e
a missa do sétimo dia.
A minha poesia nunca vai interferir, ainda que eu o quisesse, com o teorema de Pitágoras ou a Segunda Lei da Termodinâmica.
A minha poesia nunca vai interferir, ainda que eu o quisesse, com o teorema de Pitágoras ou a Segunda Lei da Termodinâmica.
O problema surge quando, por exemplo, um matemático me diz que tudo é
matemática e que eu, sendo matemática não posso ser, por exemplo, pessoa.
Ou, quando dedico a minha vida à música, vem um químico dizer que a música
não existe ou um físico dizer que a música nada mais é do que acústica (de novo
Pitágoras), ou um juiz do tribunal declarar que é ruído.
Ou, tendo um diamante, para mim precioso, a coisa mais bela e significativa, que não troco por nada deste mundo, vem um químico e diz que o diamante é uma das formas alotrópicas do elemento químico carbono, que pode ser encontrado na Natureza em três diferentes formas simples: amorfo, grafite e diamante, ou um comerciante vem dizer que não vale mais do que dez milhões de u.m..
Ou, sendo especialista em nanotecnologias, vêm dizer que não sei nada sobre o amor, nem Deus e, dada a minha inabilidade para esse grande edifício da cultura humana que é o futebol, é como se não soubesse ler.
O problema é, em grande parte, de valoração, muito mais do que de
utilidade. Noutra parte é um problema de querer comparar aquilo que é diferente
como se fossem a mesma coisa.Ou, tendo um diamante, para mim precioso, a coisa mais bela e significativa, que não troco por nada deste mundo, vem um químico e diz que o diamante é uma das formas alotrópicas do elemento químico carbono, que pode ser encontrado na Natureza em três diferentes formas simples: amorfo, grafite e diamante, ou um comerciante vem dizer que não vale mais do que dez milhões de u.m..
Ou, sendo especialista em nanotecnologias, vêm dizer que não sei nada sobre o amor, nem Deus e, dada a minha inabilidade para esse grande edifício da cultura humana que é o futebol, é como se não soubesse ler.
Não nego a matemática da música, nem a química do diamante, mas para mim a música não é interessante por poder ser traduzida matematicamente, nem o diamante é precioso por ser carbono…
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