"Ser feliz é uma actividade que requer toda uma vida e não pode existir em menos tempo" - Aristóteles, Ética a Nicómaco
quinta-feira, 25 de maio de 2023
quarta-feira, 17 de maio de 2023
Religiões
As razões para a existência de religiões, que se poderiam traduzir por funções pelas quais as religiões existiram e existem, não têm variado muito ao longo do tempo e, tanto quanto penso, só colidem com a ciência e o pensamento crítico na medida em que estes põem em causa os seus fundamentos, os seus dogmas, as suas práticas e os seus objectivos, ou fins.
Por outro lado, a função e o papel das religiões, mesmo das religiões sem Deus, ou de muitos deuses, ou das ideologias, mormente políticas e sociais, têm sido substituídos ou complementados, em parte, por formas de mobilização e de consciencialização, por exemplo, em torno dos Direitos Humanos e do Dever de Respeito para com a natureza, em todas as suas formas.
Mas muitos daqueles que acham normal o Estado apoiar o seu partido político, o seu clube de futebol, determinadas práticas culturais que lhes agradam, ou a sua religião, criticam que o faça aos outros, partidos, clubes, culturas, religiões. Este tem sido, também, o problema histórico das relações entre religiões, pensamento crítico e ciência.
Até onde estará uma religião disposta a ir no respeito pelas outras religiões? E no respeito por aqueles que não têm religião, ou pensam que a religião é um erro, ou um malefício?
Até onde estarão os críticos da religião, ou os indiferentes, ou os incuriosos, dispostos a ir no respeito pelas religiões, pelos clubes adversários, pelos partidos políticos, pelos deuses, pelas bandeiras e pelos hinos?
Até que ponto as questões acerca da existência de deus ou dos deuses interessam aos religiosos e aos outros e são relevantes para a realidade social e sociológica das religiões?
E porque não admitir, até por hipótese, que a maior parte dos religiosos não o é por causa de um deus, nem por causa dos argumentos a favor da sua existência e que alguns dos que acreditam num deus, com ou sem argumentos, não são religiosos?
Por outro lado, a função e o papel das religiões, mesmo das religiões sem Deus, ou de muitos deuses, ou das ideologias, mormente políticas e sociais, têm sido substituídos ou complementados, em parte, por formas de mobilização e de consciencialização, por exemplo, em torno dos Direitos Humanos e do Dever de Respeito para com a natureza, em todas as suas formas.
Mas muitos daqueles que acham normal o Estado apoiar o seu partido político, o seu clube de futebol, determinadas práticas culturais que lhes agradam, ou a sua religião, criticam que o faça aos outros, partidos, clubes, culturas, religiões. Este tem sido, também, o problema histórico das relações entre religiões, pensamento crítico e ciência.
Até onde estará uma religião disposta a ir no respeito pelas outras religiões? E no respeito por aqueles que não têm religião, ou pensam que a religião é um erro, ou um malefício?
Até onde estarão os críticos da religião, ou os indiferentes, ou os incuriosos, dispostos a ir no respeito pelas religiões, pelos clubes adversários, pelos partidos políticos, pelos deuses, pelas bandeiras e pelos hinos?
Até que ponto as questões acerca da existência de deus ou dos deuses interessam aos religiosos e aos outros e são relevantes para a realidade social e sociológica das religiões?
E porque não admitir, até por hipótese, que a maior parte dos religiosos não o é por causa de um deus, nem por causa dos argumentos a favor da sua existência e que alguns dos que acreditam num deus, com ou sem argumentos, não são religiosos?
quarta-feira, 10 de maio de 2023
O poder da magia
A multidão obedece aos magos
que brincam com as leis da natureza
que as infringem
que pela palavra ou o gesto
fazem os impossíveis triviais
de transformar as coisas
pela ordem que lhes dão
a multidão não obedece
a uma coleção de metáforas mortas
ela trabalha como pode
o seu fado
com mais ou menos enfado
o que mais desperta a atenção
é a magia
seja do Aladino
do Potter ou de Jesus
ai como era bom
poder mover montanhas
pelo feitiço das palavras
sem máquinas nem martelos
sem faíscas brilhantes
ou trovões coruscantes
e ficar à espera para ver
o resto da matéria
já sabemos
ou nem precisamos de saber.
sábado, 22 de abril de 2023
Eram mulheres
Eram mulheres
aliás desenhos de mulheres
seminuas
ou coisa parecida
escondidos num caderno
de listas de mercearia
e de receitas de bolos
o caderno mais assustador
que alguma vez se abriu
diante dos nossos olhos
de adolescentes
bem conscientes
de estarmos ali
às escondidas de toda a gente
mas não de Deus
nem do Diabo
que não temíamos
a abrir as portas
do inferno
com a forma diabólica
de um caderno.
sábado, 8 de abril de 2023
Quantos gumes tem a faca
Desconhecia o poeta húngaro, Attila József, e este seu poema esplendoroso.
Quando nasci tinha uma faca na mão.
Dizem: é poesia.
Mas peguei na pena, melhor ainda que a faca.
Nasci para ser homem.
Dos que ficam na memória a rebobinar, a rebobinar. Saltou-me à ideia o estereótipo de Luís de Camões com a espada numa mão e a pena na outra. Uma faca de dois gumes. Mas quantos gumes pode ter uma faca? E muito mais. Humano, simplesmente humano, como a páscoa.
domingo, 26 de março de 2023
É preciso dizer
O dia sem manhã
mas com versos
a abrir caminho
a felicidade pode chegar
através das palavras
muitas vezes
só as palavras têm poder
para tranquilizar
ou demover
é preciso dizer
certas palavras que têm o efeito
de serem as palavras certas
por parecerem certas
ainda que não façam crer
que aquilo que é preciso
que seja
é
ou será.
quinta-feira, 9 de março de 2023
Não alimento mitos
Não te encontro defeitos
amor
mas a vida é imperfeita
por vezes bela
atordoa
estonteia
a aconchegar dois animais
que não cabem dentro de nós
que farejam tudo
e a miragem
na sua humanidade.
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