Até podemos ter iluminismo e
razão e entendimento, em suma, ciência e ideologia, mas se não tivermos vontade
e ação orientada pelo Direito, enquanto princípio normativo de ação e critério
de sanção, para valores comunitários, gregários, vinculativos, éticos, justos,
nem a democracia, nem a ciência e ideologia evitam o caos e o absurdo.
A educação para a democracia
é uma educação para valores de convivência, tolerância, aceitação, na liberdade
das diferenças. Mas a democracia tende a legitimar o domínio, até
irracional/pelas piores razões, de interesses que se fazem (podem não ser) prevalecentes
numa sociedade. E o que as pessoas concluem, basicamente, é: se a democracia
não serve os nossos interesses, não serve. E quem diz democracia diz outro
regime, forma de governo, partido, religião...A menoridade, o paternalismo,
toda a retórica em torno do "dever-ser" que não é, do poder-ser, que
não pode, do querer-ser, que interessa àqueles mas não nos interessa a nós, são
"ideais" que alguém pode, de algum modo acalentar, mas a realidade, a
tal que interessa à ciência, não se compadece do que interessa a A, B ou C. O
“ser” é o que não interessa. O que interessa é o resto. Por falar em retórica,
estamos cada vez mais submersos pela retórica, dos políticos que têm ouvidos e
boca, mas não têm cérebro e também daqueles cientistas que são boas arrecadações/compêndios
de ideias feitas e de tabelas e de nomenclaturas e de fórmulas, mas que não têm
inventividade para extrair da informação os corolários necessários. Vivemos num
tempo de estilização, estereótipos, padronização e reprodução
automatizada/estandardizada, supostamente para nos facilitar a vida e a morte,
mas mais esta. De qualquer modo, a educação dificilmente desempenhará o seu
papel "iluminador" se não for algo mais do que instrumento de
domesticação, seja em nome de que deus/"must" for.