Se a vida não fosse maior do que nós e nós não fossemos maiores do que a vida, ter-me-ia por certo esquecido, ou nem sequer teria ouvido, ou entendido,
ou dado importância, a uma tentativa do professor de português, do Básico, de explicar para crianças o significado de absurdo.
O facto é que ficaram gravados na minha memória, o professor,
o que ele disse, o contexto e a sala de aula.
Provavelmente, nem esse professor voltou a pensar no assunto.
E, dessa aula, apenas recordo esse momento.
Achei incrível que um padre (esse professor era padre) dissesse,
sem subterfúgios, que absurdo é o que nem Deus pode fazer.
E deu como exemplo que, se a caneta caísse ao chão, nem Deus era capaz de fazer com que ela não tivesse caído.
Fiquei deslumbrado, porque isso punha em causa o que sempre ouvira dizer, que a Deus nada era impossível.
Mas o que não é possível a Deus, felizmente, é possível aos cientistas, aos músicos, aos
pintores, aos filósofos, aos professores e aos poetas.
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