Não faz
sentido, é uma loucura, mas verifica-se que, quanto mais se investe em meios de
combate aos incêndios, quanto mais tempo de antena, quanto mais palestras,
quanto mais exéquias e solenes parlamentos, mais repetitivos e insuportáveis se
tornam os fatalismos e os conformismos.
Porque a
minha memória de mais de meio século permite constatar que, todos os anos,
chegam os incêndios/fogos florestais e chegam cada vez mais devastadores.
Para um
otimista, como é qualquer criança que acredita que os adultos podem resolver
problemas, cada ano seria menos trágico que o anterior. Não foi isso que
aconteceu. Mas a criança otimista continua a acreditar que, por alguma razão
desconhecida, as coisas pioraram.
A criança
fica estarrecida mas encontra desculpas para os adultos que encolhem os ombros.
No ano seguinte, repete-se todo o palavreado. Os incêndios brincam com toda a
gente. Não faltam ideias para prevenir, mas o incêndio faz parte da tradição,
tal como os foguetes, e pronto. A criança estarrecida deixa de acreditar
naquela gente que vem lamentar os fogos e as mortes, etc..., e pensa que vive
num mundo a arder, num inferno.
O fogo não
tem culpa, mas é possível imputar responsabilidades pelas consequências dos
fogos florestais.
Eu
apostaria que, a manter-se a tendência, apesar da desgraça e do horror de
Pedrógão Grande, ainda este ano as coisas não vão melhorar, porque,
incompreensivelmente, para muita gente, os fogos florestais não passam de fogos-de-artifício.
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