sábado, 25 de janeiro de 2020

Democracia, poder de uma minoria?


É preciso dar atenção à abstenção e tirar ilações, em vez de eleições, porque a democracia já se tornou, também nos EUA, um regime de domínio de uma minoria, a dos super-ricos, em contraste com a ideia de democracia que está na base da própria Constituição dos EUA. Não obstante, a alternativa que alguns partidos nos apontam não é melhor. Estou a pensar naqueles que acusam (falsamente) os governos de terem andado a favorecer os mais carenciados e os que trabalham, e que pedem mais proteção para os que vivem da exploração e da especulação e da corrupção, que já detêm o grosso da riqueza que outros andaram a criar.

sábado, 21 de dezembro de 2019

O sentido da vida

Ainda bem que a filosofia, e não tanto a investigação empírica, não tem como objecto a formulação de receitas para responder a questões e, muito menos, a resposta teórica a problemas de ordem prática.
A própria questão do sentido dificilmente será uma questão objectiva, quanto mais a questão do sentido da vida, da minha para os outros, para mim, e dos outros para mim, para eles. E, em tudo o que tiver de objectivo, provavelmente, já não é uma questão do sentido que se interroga, mas do sentido de que se parte.
Dentro das escalas e acepções possíveis de sentidos, imediatos, de mero expediente, de sobrevivência, ou teleológicos, biológicos, culturais, é possível concluir que tudo faz sentido ou não consoante a "oferta" de "sentido" disponível na cultura.
Do mesmo modo e ainda de acordo com essa oferta, seja ela religiosa, filosófica ou científica, não existe nenhuma "oferta" meramente subjectivista. A própria religião recusa peremptoriamente qualquer resposta subjectivista, relativista, pessimista, para a questão do sentido da vida.

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Engodos e bluff

Quando nos sentimos obrigados a vir para a rua gritar...
As nossas percepções tendem a ser influenciadas e manipuladas e viciadas pelas forças políticas, económicas e religiosas no terreno, que se manifestam diante dos nossos olhos e ouvidos de um modo tão virtual, com tantos engodos e bluff, com tanta representação social à mistura, que o facto de as televisões e os jornais e as redes sociais serem a nossa fonte de informação só por si constituem um problema sério porque, de algum modo, são nossos sequestradores.
Não há uma verdade oficial. E ainda bem.
O discurso oficial, o politicamente correto, são tão suspeitos que, eles próprios, se demitiram do dever de informar, porque eles têm interesse em não informar, ou em informar apenas o que lhes interessa.
E era aqui que eu queria chegar.
Os governos devem assumir como uma das suas funções principais, através da criação de equipas técnico-científicas, não a pedagogia das populações, nem a doutrinação, nem a propaganda alienante, virtual e massificadora, mas a informação a que, objetivamente, cientificamente, já é possível chegar e o cidadão tem direito.
Este “possível chegar” não é para o cidadão comum, mas é possível para o Estado.
Acredito que os Estados mais ricos tenham capacidade para recolher (e recolham) e tratar dados (e tratem) sobre praticamente todas as áreas, nomeadamente polítcas e económico-sociais.
A explicação para fenómenos tão estúpidos e vergonhosos como racismo, xenofobia, chauvinismo, hooliganismo..., ficaria acessível ao público e a sua análise permitiria concluir muita coisa, válida e consistente, sobre a sociedade, em termos comparativos no espaço e no tempo e as tendências atuais, nomeadamente políticas, para além daquilo que sabemos pelos telejornais e pelas impressões dos nossos amigos e inimigos.
Enquanto, aparentemente, os Estados andarem todos a fazer bluff (como se estivéssemos perante fenómenos inexplicáveis e sem solução) seremos induzidos a seguir líderes de coisa nenhuma, porque tudo o que têm para nos dizer (limitam-se a ampliar populismos e demagogias à cata de votos ou anuências ou proselitismo) não vale mais, nem é melhor, que aquilo que nós sabemos.
Se soubéssemos (e acredito que há Estados e polícias que sabem) quem são os racistas, etc..., e as razões e motivos que os movem, talvez ficássemos esclarecidos sobre aspectos muito importantes, graves e deploráveis, que podemos e devemos corrigir com justiça.
As cortinas de silêncio, o clima de suspeição, a cultura de bruma e de medo, os fantasmas da guerra... são instrumentos poderosos cuja utilização interessa a quem sabe muito daquilo que nos interessa saber mas não informa, porque tem poderes para “não informar”.
No entanto, não mais basta que um grupo dominante queira isto ou aquilo.
A minha percepção é que este é o problema, mas também é a esperança de mais justiça e de mais racionalidade.

terça-feira, 26 de novembro de 2019

A mais antiga tirania do mundo

Vai-se tornando notório que slogans como Livre, Liberal, Liberdade...são uma espécie de tumores cerebrais que ninguém quer. A tirania da liberdade é a mais antiga tirania do mundo. A da civilização à força vem a seguir. Quando a civilização conseguir conciliar o capitalismo com o socialismo, os interesses individuais com os interesses colectivos, sob a égide do respeito e do "culto" (de cultura) do planeta, submetendo o poder do dinheiro ao poder da razão e da ética, então pode deixar uma via de emergência aberta para quem quiser saltar fora, em vez de querer atirar os outros para fora.

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Civilização à força

Ainda está por começar uma República, que seja democrática, respeitadora dos direitos individuais, desenfeudada dos poderes económicos organizados nos bastidores da fachada política, cujos eleitos (representantes) não sejam marionetas de um teatro que a turbamulta toma por vida e gesta de deuses e de demónios a que tem de estar sujeita.
Ainda estamos na antiguidade da organização social e política, mas acredito que não será por muito mais tempo. É como se andássemos a laborar no modelo ptolomaico por não conhecermos o modelo copernicano.
Estamos a remendar um tecido podre com todo o tipo de tecidos. Isto favorece um estado de espírito eufórico e muitas vezes alienado de crença no sistema de soluções, muito mais do que nas soluções do sistema.
Muito pouco daquilo que nos ensinam sobre liberdade e direitos e dignidade é verdade, mas nós só saberemos se descobrirmos.
As incoerências são tantas que ao defendermos a liberdade estamos a defender a prisão, a caixa.
O ensino e a aprendizagem são instrumentos que, como qualquer instrumento, não são desinteressados, nem inócuos, nem inocentes, têm objetivos.
O serem obrigatórios, em qualquer estádio de socialização do indivíduo, não pode deixar de os tornar suspeitos, de muitos pontos de vista, militar, político, económico, religioso...
Numa perspectiva de dogmática jurídico-política, sempre podemos questionar o sentido e a legitimidade da obrigatoriedade de ser civilizado, de frequência e avaliação do sistema de ensino, ou de um sistema militar, ou religioso...
Aliás, o simples facto, anódino e inofensivo, de alguém querer ser selvagem não me parece encontrar solução nem acolhimento no cardápio de direitos, liberdades e garantias, do catecismo das nações civilizadas.
Ou não vivemos numa civilização à força, que tem como bandeira a liberdade?

domingo, 17 de novembro de 2019

Os ideais de todos e a realidade de ninguém

Enquanto as discussões sobre os problemas ocorrem sob a égide de uma suposta bondade estribada numa suposta racionalidade de uma suposta justiça classificativa e seriadora, não temos razões para pensar que aqueles que suspeitam de uma tramóia não sejam, no fim de contas, os mais devotos defensores dos princípios e do paradigma em que a mesma assenta.
Acaso alguma vez os sistemas de ensino, mesmo esquecendo a autocrática supremacia da Teologia, em tempos mais recuados, relativamente a todas as outras disciplinas, corporizaram os ideais de todos e a realidade de ninguém?