sábado, 9 de novembro de 2019

Nada será como antigamente

Torna-se cada vez mais patente, para não dizer evidente, que muita coisa está a mudar e, no ensino, também.
Se é para melhor ou pior, eis o problema.
Mas nada será como antigamente. E antigamente era o que se sabe: nem tudo se recomendaria.
O antigamente seria recomendável nas situações em que o presente fosse tão abonatório do passado que nem havia necessidade de o recomendar. Assim, estamos forçados a censurar e a louvar o passado pelo presente que nos "legou".
Se é preciso trabalhar muito para que tudo continue na mesma, quanto mais ou quanto menos não é preciso para mudar?

sábado, 2 de novembro de 2019

Fugir ao destino big bang


Será que podemos fugir ao destino? O destino, por natureza, é triste e, muitas vezes, trágico. Não precisamos de ser muito sábios para constatarmos a realidade do destino. Tudo isto é fado, tudo isto é triste, ou, tudo isto é triste, tudo isto é fado. Não se trata de optimismo ou de pessimismo. Optimismo ou pessimismo, cada um toma o que quer.
Talvez nenhuma espécie, como a humana, viva o dilema e o problema de as coisas não terem de ser como são, mas serem como são, apesar de não deverem ser como são.
Volto ao princípio: será que podemos fugir ao destino?
Tudo indica que sim e tudo indica que não. O big bang pode ser entendido como uma fuga ao destino. No entanto, cumpriu o destino. E, assim, tem sido ao longo de milhões e milhões de anos. Nos últimos séculos, os registos históricos revelam que a humanidade tem estado tão obcecada a fugir ao destino, que quase não tem tempo nem disponibilidade para mais nada. E, assim, cumpre o seu destino de fugir ao destino.
Inventa-se tudo, pensa-se em tudo, sacrifica-se tudo, faz-se tudo, para escapar ao destino. Mas o destino é cada vez mais destino.
Sem querer ser "totalitário", diria que todas as revoluções, toda a discussão e dialéctica entre o bem e o mal, toda a cultura e todas as guerras, quiseram moldar o destino e conseguiram-no.


quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Democracia e boa governação

O estado crítico da matéria é um dos mais avançados estados que a matéria pode atingir.
No momento atual, quando me perguntam em quem vou votar, sinto um nó na garganta, porque penso que está instituída uma cultura de perseguição pelo voto.
Um pouco mais de "propaganda" e essa cultura deixaria cair a máscara e mostraria, com orgulho, o rosto de alguma máfia. Se eu estivesse metido no aparelho político não falaria assim, sob pena de me considerarem louco.
Mas a sacrossanta democracia paira, com a sua auréola, apesar da inaptidão dos partidos, que têm provado não ser dignos dela.
Todos a invocam, mas fazem-no porque transferem as suas incompetências e falta de ideias para governar, para o inequívoco potencial da democracia para proporcionar as condições para o melhor dos governos. Como se a democracia, por si só, resolvesse os problemas, ei-los à cata de votos. Mas isto é enganoso, é querer que as pessoas pensem que votar resolve os problemas. Mas os problemas que a democracia resolve, ou previne, não se confundem com os problemas que os partidos são chamados, mandatados, para resolver. Democracia não é garantia de boa governação. A boa governação não é possível com os partidos que têm governado. Lançaram o país num pântano e não têm ideias de como sair dele. Eles mesmos estão atolados, atados, acusados, descredibilizados, a precisar que os salvem através do voto. O voto, para eles continua a ter um valor inestimável. Para eles, porque, para o cidadão, só tem valor na medida em que tem valor para os partidos. O que era importante, que o voto tivesse valor porque podia resolver problemas, ainda não está ao alcance do voto. A democracia não tem culpa de não termos partidos com as soluções de que tanto precisamos. Não basta ficarmos a saber de que lado está a maioria. Falta concretizar políticas que sejam as melhores.

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Património da Humanidade e Apropriação Privada

Dois indivíduos com os mesmos direitos, sendo um muito rico e poderoso e outro destituído de posses e de poder, colocam dois problemas diferentes face ao direito e à justiça e à liberdade.
Mesmo considerando/admitindo que os direitos do(s) indivíduo(s) são ditados pelo "colectivo" (de preferência qualificado e legitimado), a história da humanidade é a história de um colectivo não qualificado, nem legitimado, mas poderoso e privilegiado, a ditar os direitos e os deveres do indivíduo.
Nem precisamos de pensar que a melhor forma de estabelecer deveres e obrigações é pela positiva, pelo reconhecimento de direitos, uma vez que os deveres, em geral, são o outro lado da moeda (ex: quanto mais forte for o meu direito à vida mais forte é o teu e o nosso dever de respeito recíproco).
Para abreviar, o que me interessa sobremaneira, nos tempos actuais, é a necessidade imperiosa (não no sentido filosófico de necessidade lógica, mas no sentido biológico e social de sustentabilidade e sobrevivência) de o colectivo assumir o controlo dos interesses colectivos, sem cedências ao egoísmo e à ganância e à irresponsabilidade social de indivíduos e grupos poderosos que não têm outros critérios, nem outros objectivos que não sejam acumular riqueza.
Nem que, para isso, tenham de destruir a humanidade.
O liberalismo e o individualismo, doravante, só têm espaço dentro de uma política de subordinação aos interesses e aos valores da comunidade, entendida como comunidade de países e de Estados responsáveis. Não obstante, tarda muito esta subordinação e tenho dúvidas acerca da sua concretização, porque até parece estar a acontecer o contrário, ou seja, o colectivo é cada vez mais insignificante e irrelevante nos cenários político-económico-financeiros.
Indivíduos e grupos detêm e dominam cada vez mais o planeta, em detrimento do colectivo (entendido como igualdade de direitos humanos, relativamente ao património da humanidade, reconhecido e a reconhecer, liberdade e não discriminação...)

sábado, 7 de setembro de 2019

Democracia e partidocracia

Não existe a alternativa/opção de voto contra.
As extremas (esquerda e direita) apresentam-se como representantes do voto contra e têm vindo a ser bastante sufragadas.
Mas votar em qualquer outro partido não é votar contra o(s) partido(s) que governa(m). 
Aliás, quanto mais informação e noção das realidades político-partidárias houver, apostaria que, maior será a abstenção. 
A democracia, que existe enquanto modelo teórico, com algumas concretizações institucionais e que, sem dúvida, está consagrada na Constituição da República, está refém das instituições político-partidárias, mas a inversa não é verdadeira. Se as instituições político-partidárias estivessem reféns da democracia, isso seria um bom princípio de governabilidade.

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

As soluções e os problemas, progresso e desenvolvimento

É bom que não percamos de vista as proporções e as comparações e que tenhamos referenciais de análise e crítica, se pretendemos dizer o que é melhor. 
É inevitável, quando se olha para o passado, a ideia do balanço. Mas o balanço pode ser difícil ou impossível de realizar, consoante os casos. 
Fazer propaganda, com entusiasmo, seja em que situação for de avaliar serena e objectivamente, é um mau sinal. A realidade não precisa de "álcool" ou "adrenalina" para ser o que é. E nós não precisamos de "drogas" para vermos a realidade.
No fundo, tentar comparar o mundo actual com o do passado, mais ou menos recente, é tentar um exercício de ciência histórica que não está ao alcance de todos. 
Tenho lido escritos de assumidos optimistas que só vêem progresso em tudo, porque acreditam que nada pode regredir e que nunca há regresso e que, aconteça o que acontecer, o que resultar será o melhor possível e que nada é melhor do que o possível. Estes, decerto, nunca se lamentam, nem queixam. 
Não obstante, parecem-me deterministas a tal ponto que são os mais refinados pessimistas. 
Porque "o que pode acontecer" é que lança o jogo e os humanos podem jogar muito forte, num determinado sentido. Quando olhamos para o passado e constatamos que houve um progresso, não podemos deixar de pensar que progresso é esse, qual o seu custo...
Se o progresso destruir o planeta, ainda assim é progresso?
Mais promissora e interessante do que a ideia de progresso, é a ideia de desenvolvimento e felicidade. 
À luz destas ideias, vemos que, antigamente, havia problemas que nós não temos e que, actualmente, existem problemas que os antepassados não tinham. 
A relação entre a quantidade e a qualidade dos problemas existentes e a capacidade, eficiência, na sua resolução, parece-me um bom rácio para fazermos comparações. 
Posso estar enganado, mas a minha percepção é que a nossa capacidade para ver problemas e encontrar problemas aumentou imenso, talvez muito mais do que a nossa capacidade para resolver problemas. 
Diria até que, por cada problema que resolvemos, criamos mais...

domingo, 11 de agosto de 2019

A poesia está para além das estrelas e leva-as


A poesia está para além das estrelas e leva-as para lugares onde elas não podem estar, mas fazem falta. A poesia está para aquém das estrelas e trá-las para lugares e momentos em que não seriam poéticas, se não fosse a distância. A poesia das estrelas e a ciência das estrelas não se prejudicam, mas se quiseres fazer um poema sobre o sol é inútil reproduzir o que a ciência diz no respetivo manual. E, se quiseres explicar o que é o sol, podes precisar de citar/escrever apenas um poema... As estrelas e o astro... sol... não são poemas, nem são ciência, mas as estrelas da minha noite e o sol do meu paraíso, ou inferno, podem ser mil poemas...