terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Dogmas



De quando em quando a quem
Preza ciência filosofia e arte
E como discípulo estuda
Em busca de verdade
E interroga serenamente
A realidade e os saberes
Deparam-se peremptórios
Ateus agressivos
Com os dogmas do partido
Do ateísmo militante
(E seus deveres )
Querendo abolir por decreto
Todos os mistérios
Proibir a filosofia e a investigação
Por inúteis e supérfluas
As artes e a religião
Por serem ignorâncias
Não saberes
E isto acontece
No século XXI da era cristã
Em que a humanidade
Com inteligência e mente aberta
Aspira à descoberta
Da Verdade.


quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

A Verdade


A verdade que podemos encontrar numa enciclopédia sobre a Verdade não está na enciclopédia, nem nas bibliotecas e não é a Verdade. Esta é a verdade. Não depende de nós. Ou depende? E é banal. É? E depois? Continuamos a procurar a verdade, mesmo falando verdade e não a encontramos? E se a verdade for desagradável? Dolorosa? Insuportável? Queremos sempre a verdade? E se a verdade é contra nós? Que verdade, ou verdades, nos interessam?
Detestamos a mentira, mas há as meias verdades e a verdade das partes e a verdade do todo, mas a verdade não está nas partes e não está no todo.
A verdade, em última análise, é absoluta: ou é ou não é; se é, é para todos e para todas as inteligências. É ou devia ser? Devia? Porquê?
Um juiz disse-me que só o que está no processo é que está no mundo, a verdade dele é aquela.
Um tipo que eu tenho por cientista diz-me que só o que é verificável, mensurável, empiricamente, merece crédito. Esta é a sua verdade.
Um poeta proclamou que «quanto mais poético mais verdadeiro».
A verdade do filósofo com quem falei é um veredicto, são juízos sobre os próprios juízos, sobre a contenda entre falso e verdadeiro entre a ideia e a coisa, embora saliente que ao filósofo interessa uma interpretação cósmica da sua experiência interior e que essa interpretação, qualquer que ela seja, não é a verdade.
O meu pároco diz que Deus é a Verdade, que as verdades do cientista e do juiz e do filósofo são juízos sobre coisas, factos, acontecimentos, acções e ideias. A verdade não é conhecimento nem doutrinas teóricas que, como tais, se possam comunicar. A alma tende para a contemplação da verdade, para a pura contemplação, sem pensar anotar o que contempla para disso se separar e representar isso sob uma forma «válida em geral» com a qual todos pudessem enriquecer o seu saber. Cada pessoa permanece “fora” de interpretações e esquemas analíticos e nunca lhes está submetido; quando quer conhecer-se a si próprio, não é no homem em si, numa teoria da sua vida que se revê e o que lhe vem do íntimo não carece de explicação alguma. 


domingo, 24 de outubro de 2010

Deus não é uma filosofia



Desde tempos imemoriais que Deus está no centro das meditações e dos questionamentos do homem. Hoje, volvidos tantos séculos de pensamento e investigação e cultura e "contraditório" entre religiões diferentes e dentro das próprias religiões, entre culturas e concepções diferentes e até antagónicas, podemos reconhecer que todo o tipo de tentativas foram feitas (e continuam a ser) pelos homens de cultura e de ciência para "afirmar" ou "negar" Deus.

Mas Deus não é uma teoria, nem é uma hipótese. Deus não é uma filosofia. Nem é uma explicação. É certo que tudo pode ser teorizado e questionado sem limite. Se Deus fosse uma hipótese, ou uma teoria ou uma filosofia, não causaria mais dificuldades do que as questões sobre qualquer outro assunto. Nenhuma teoria, filosofia ou religião consegue transformar uma coisa naquilo que ela não é, ou fazer com que ela deixe de existir. Mesmo aqueles que (apenas) teorizam ou filosofam sobre Deus sabem que teorizam sobre um mistério, sobre o mais antigo e inesgotável dos mistérios. Os que acolhem Deus "revelado" nas suas vidas vivem numa relação construtiva e edificante com esse mistério, uma relação cujos termos são parte essencial da revelação.



segunda-feira, 6 de setembro de 2010

O ateu é dogmático



O ateu, que invoca a necessidade de demonstração científica da existência de Deus para acreditar, está a incorrer num duplo vício: primeiro, declarando-se ateu, em vez de agnóstico e depois, porque supõe que o método científico tem a virtualidade e a aptidão para conhecer tudo, considerando que a natureza é tudo.

A questão é a seguinte: Deus, que as religiões proclamam como Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis (e as filosofias têm tentado racionalizar), não é sequer uma questão para o ateu.


E por que razões o não é? Por razões científicas? Não. As ciências da natureza não têm informação nem explicação para as origens da natureza, nem para o que ela virá a ser. Têm pretendido apresentar hipóteses, por exemplo, da origem do Universo, da origem da vida, de que houve e há evolução das espécies. Mas todas essas hipóteses não passam disso mesmo e, se continuam em aberto, é como tal.


O ateu é um dogmático. Desde logo, por não se declarar agnóstico. E por se declarar científico, quando não há ateísmo científico. O ateu arroga-se algo que, embora critique e impute, por exemplo, ao cristianismo, este nunca pretendeu: ser científico-naturalista.


Jesus Cristo não deixou dúvidas sobre a importância (necessidade) da Fé. O ateu, que se insurge contra esta condição, a qual diz ser “irracional”, não compreende o seguinte: o que Jesus nos propõe nem sequer é um conhecimento (de algo que não saibamos de acordo com as ciências da natureza). O que Jesus nos propõe é uma Fé e uma prática de vida, mais do que uma atitude (e não é uma filosofia), uma entrega da nossa vida pelos que sofrem, pelos necessitados, por amor aos inimigos.


Para Jesus Cristo, o conhecimento, os saberes, em si mesmos, nada são. São faculdades humanas, competências mentais e motoras, mais ou menos conscientes, mais ou menos voluntárias, mais ou menos inatas, através das quais o homem é chamado a realizar o Bem, o Amor, não como um comércio de interesses e de instintos, mas como imperativo da sua consciência. Consciência de si próprio, consciência do(s) que o rodeia(m), do significado e do sentido das próprias vivências e da História. Neste âmbito, por mais sábio e erudito que o homem seja, não terá realizado o essencial se e enquanto a sua consciência axiológico-normativa lho não ditar.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A ciência não acredita?

                                               
A ciência não acredita? A ciência acredita em si mesma enquanto não é convencida do contrário. Acredita na eficácia e na validade dos seus processos e métodos, como não podia deixar de ser. Não obstante ela não explica o conhecimento, nem o que é, nem como é originado. 
Todas as épocas tiveram as suas certezas e as suas dúvidas.
Mas o acreditar da ciência é um acreditar diferente do acreditar dos cientistas, e das pessoas em geral, naquilo para que não há explicações do tipo naturalista.              
                                              

sábado, 21 de agosto de 2010

As ideias e os ideais não brotam do nada



As ideias e os ideais não brotam do nada, derivam de percepções da realidade. Não são uma fotografia do que se vê ou outro registo sensorial, intelectual, etc., em forma de cópia. São uma elaboração complexa das percepções processadas na pessoa mas não necessariamente pela pessoa. Quer dizer, é um processo em que a vontade do sujeito normalmente não intervém e, quando intervém, é já numa fase de elaboração avançada.
Que representação podemos fazer, por exemplo, de uma coisa que nunca vimos?
Ou, que representação podemos fazer, por exemplo, de um cheiro?
De uma voz, ou de um som, ou de um paladar, ou de uma dor de dentes?
Que ideia poderia o homem fazer de Deus, antes de Jesus Cristo?
E Que ideia pode o homem fazer de Deus, depois de Jesus Cristo?


quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Nas filosofias o ideal e os ideais ocupam lugar proeminente


Nas filosofias, o ideal e os ideais ocupam um lugar muito destacado de reflexão e análise, já no tempo de Platão.
Na religião, parece-me haver quem tenha uma visão do homem e do mundo a caminho de um ideal (de perfeição, questiono o que seja perfeição), como se Deus tivesse um plano ou projecto em realização e haver quem não sobrevalorize essa perspectiva, vivendo a sua fé no plano das coisas como elas são, sem preocupações ou interesse quanto ao que poderiam ou poderão ser, sem considerarem que, por exemplo, orar ou ajudar os que sofrem é cumprir algum tipo de ideal.
O ideal, entendido como a perfeição de uma forma ou de uma representação mental ou intelectual não passa disso e não substitui o real. Quando dizemos ideal=representação mental, não estamos a dizer ideal=representação gráfica(p.exemplo); esta representação gráfica é real.