Não
deixo de pensar, dramaticamente, que as ideologias têm uma função determinante
na organização social e económico-política.
E que, sem esta organização, o mundo colapsaria (?)
rapidamente (?), tal é o “peso” do fator humanidade na equação.
Não podemos isolar o humanismo personalista das
restantes realizações humanas que têm contribuído para resolver problemas do
homem.
Mas, aparentemente, nem todos trabalham para resolver
problemas do homem.
Incrivelmente, muitas pessoas, mesmo nos sistemas
civilizacionais que, assumidamente, se baseiam na pessoa, são tratadas, afinal,
como sendo o problema, não um problema de ordem teórica, mas de ordem prática,
do tipo “excrescência”… E há quem tenha pesadelos com "máquinas
trituradoras".
Só por si, de nada nos valeriam todas as ciências e
tecnologias se o mundo colapsasse.
No fim, só o humanismo poderia socorrer-nos: a solidariedade (é
coisa e de pobres e desgraçados, os ricos não precisam disso até serem pobres), amor
(é coisa misteriosa que o dinheiro não compra), música (é
coisa de alienados dançantes), religião (é coisa de
analfabetos que só têm defeitos), filosofia (amor pela
sabedoria), história (é coisa que não serve para construir
nada, até ao momento em que é preciso perceber por que é que tudo foi
destruído), memória (quem a não tem não tem nada, não faz
nada, mas não deixa de ser pessoa…)...
E, ainda mais importante, pessoas.
E pessoas com ciência, obviamente.
Sem pessoas, não há problema nenhum para resolver.
Acabem com as pessoas e acabam-se os problemas
todos.
Acabem com o humanismo, promovam a máquina, o robot,
levem-nos ao mercado e deixem de produzir pessoas e verão todos os problemas
resolvidos, de termodinâmica, de física de partículas, de matemática, de
genética, de evolução, de filosofia, de ciência, de artes. Maravilhoso mercado
(químicos, farmacêuticos, traficantes, físicos, mecânicos, banqueiros,
traficantes, militares, terroristas, informáticos…) que trabalha a pensar no
homem e no bem do homem, à escala global, ecológica, inteligente.
Mas faltaria o maravilhoso humano, a indispensável
ideologia, sistema de crenças, sobre o Homem como o valor que deve restar mesmo
que todos os outros fracassem.
Historicamente, por ex. Esparta e Atenas, URSS e
Capitalismo, são exemplos de sistemas ideológicos que apostaram mais ou menos
na pessoa humana como “produto” ou “mercadoria”, meio ou fim da atividade
económico-política e social. É ostensivo, nos tempos de hoje, a redução da
pessoa a valor económico. Tudo se rege cada vez mais pelo critério da economia.
A racionalidade parece exigir que assim seja. Valor, nos tempos atuais, está
praticamente reduzido a valor pecuniário, mais do que a valor económico, ou seja,
o que não tiver valor pecuniário, mesmo que tenha valor económico, que requer
reconhecimento e tutela, não passa de uma idiotice, não serve para quem só vê
mercadoria (como aquele que na floresta só vê lenha).
Atenas derrotada pelas armas veio a ser vencedora pela
memória. A URSS derrotada pelas próprias contradições dos DÍNAMOS e
pelos inimigos “humanistas”, parece estar, fatalmente, a sobreviver através da
MÁQUINA GLOBAL a que todos os humanismos se curvam.
Vai ser preciso organizar um sistema de democracia
global, em que o primado do poder não sejam as MÁQUINAS do dinheiro, nem já a
lei, mas a pessoa humana…Se houver pessoas que acreditem nisto.