quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A ciência não acredita?

                                               
A ciência não acredita? A ciência acredita em si mesma enquanto não é convencida do contrário. Acredita na eficácia e na validade dos seus processos e métodos, como não podia deixar de ser. Não obstante ela não explica o conhecimento, nem o que é, nem como é originado. 
Todas as épocas tiveram as suas certezas e as suas dúvidas.
Mas o acreditar da ciência é um acreditar diferente do acreditar dos cientistas, e das pessoas em geral, naquilo para que não há explicações do tipo naturalista.              
                                              

sábado, 21 de agosto de 2010

As ideias e os ideais não brotam do nada



As ideias e os ideais não brotam do nada, derivam de percepções da realidade. Não são uma fotografia do que se vê ou outro registo sensorial, intelectual, etc., em forma de cópia. São uma elaboração complexa das percepções processadas na pessoa mas não necessariamente pela pessoa. Quer dizer, é um processo em que a vontade do sujeito normalmente não intervém e, quando intervém, é já numa fase de elaboração avançada.
Que representação podemos fazer, por exemplo, de uma coisa que nunca vimos?
Ou, que representação podemos fazer, por exemplo, de um cheiro?
De uma voz, ou de um som, ou de um paladar, ou de uma dor de dentes?
Que ideia poderia o homem fazer de Deus, antes de Jesus Cristo?
E Que ideia pode o homem fazer de Deus, depois de Jesus Cristo?


quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Nas filosofias o ideal e os ideais ocupam lugar proeminente


Nas filosofias, o ideal e os ideais ocupam um lugar muito destacado de reflexão e análise, já no tempo de Platão.
Na religião, parece-me haver quem tenha uma visão do homem e do mundo a caminho de um ideal (de perfeição, questiono o que seja perfeição), como se Deus tivesse um plano ou projecto em realização e haver quem não sobrevalorize essa perspectiva, vivendo a sua fé no plano das coisas como elas são, sem preocupações ou interesse quanto ao que poderiam ou poderão ser, sem considerarem que, por exemplo, orar ou ajudar os que sofrem é cumprir algum tipo de ideal.
O ideal, entendido como a perfeição de uma forma ou de uma representação mental ou intelectual não passa disso e não substitui o real. Quando dizemos ideal=representação mental, não estamos a dizer ideal=representação gráfica(p.exemplo); esta representação gráfica é real.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Nas ciências os ideais não têm lugar



Na sociedade, na política, na religião, as ideias e os ideais estão constantemente postos em causa. O ser posto em causa, o estar em causa é-lhes essencial.
Na política, vai havendo consensos maioritários, ou conivências, relativamente às directrizes a seguir na governação. Subjacentes estão sempre formas, mais ou menos definidas / assumidas/provisórias, de ideais.
Nas ciências os ideais não têm lugar. O que sucede é que as ciências podem ser colocadas ao serviço de ideais. Podem ser instrumentos para a realização de ideais e objectivos. 


sábado, 31 de julho de 2010

Não se ama o que não existe




As ideias e os ideais (há que distinguir o que é ideal para mim do que seria o ideal universal e o ideal absoluto) funcionam como guias ou coordenadas da vontade, mas sabemos que esta é instável e, não raro, caprichosa, cedendo a veleidades, vícios e fraquezas.  Pelos ideais se aferem as realidades, físicas, sociais, comportamentais, epistemológicas, culturais... Muitas vezes não gostamos das coisas como elas se nos apresentam porque estamos “apaixonados” pelo que achamos que elas deviam ser.  Outras vezes, a realidade que se nos impõe é de tal modo adversa aos nossos desejos e à nossa vontade que nos sentimos profundamente frustrados e revoltados. Mas não se ama o que não existe. O amor é por aquilo que é, como é e não como devia ser. Quando amamos alguém não amamos a pessoa ideal (que não existe e nunca conheceremos) mas amamos uma pessoa como ela é e não como, em nosso entender, ela devia ser.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

O homem não sabe o que quer





Eis o problema: o homem não sabe o que quer, nem para si próprio, quanto mais para os outros... E, supondo que as pessoas têm uma vontade e objectivos para os outros, para a história, para o mundo, para a Humanidade, um desejo, sonho (projecto é diferente e, certamente, não existe um projecto com essas características, individual ou colectivo) que as transcende, então aí o que sabemos é pouco e o que não sabemos é incomensurável (e que certeza temos disto?).                        




quinta-feira, 8 de julho de 2010

À frente de qualquer juízo de ciência



Quanto à nossa dependência do conhecimento, ou à primazia que damos (ou não) aos juízos de ciência, os nossos critérios são diversificados e complexos. Não nos regemos por meras racionalidades e verdades teoréticas. À frente de qualquer juízo de ciência colocamos, por exemplo, a nossa sobrevivência. E, normalmente, não precisamos de razões para nos confiarmos àquilo que, sem dúvida, nos interessa e nos agrada. Só que, também aqui estamos sujeitos a contingências de ignorância e de erro, senão numa perspectiva egoística, pelo menos, numa perspectiva do interesse e do agrado dos outros. Ao tentarmos compreender o que é a inteligência, deparamos com conceitos de inteligência conflituantes e contraditórios, consoante se trate de inteligência, por exemplo, do interesse individual imediato, inteligência do interesse colectivo, inteligência do imediato ou do eterno, etc..
Aquilo que cada um quer em função do seu interesse e do seu agrado não significa que seja o melhor ou o mais conveniente para os outros, ou que seja o melhor a médio/longo prazo.