"Ser feliz é uma actividade que requer toda uma vida e não pode existir em menos tempo" - Aristóteles, Ética a Nicómaco
quinta-feira, 14 de janeiro de 2016
Nada que não seja
Se eu soubesse não diria
Nada que não seja
Poesia
Nada que não saibas
Que eu não sabia
Não direi nada
Sei
Extenso dia
Até onde alcança
A vista
A fantasia
A alma
Que vê ausências
Onde há
As dela
As outras não
Direi por dizer
Pelo prazer
De ouvir-me
E de crer
Que a palavra não faz
Falta
Em vão.
Ateísmo e naturalismo
Vamos
colocar as questões da seguinte forma: nós não aceitamos a natureza, o ser da
natureza, que é um "sendo" contra o qual, sendo nós natureza, não era suposto estarmos,
mas somos a natureza "suicida", um produto da natureza.
O homem não
se limita a ser e esse é o problema: o homem não é.
A natureza que produz o homem
não tem que, nem precisa de, se queixar. O homem também não, a não ser de si
próprio, ou da sua natureza, mas isso é completamente estranho à natureza.
Ou
então temos mais do que uma natureza na natureza e há naturezas que são mais ou
menos naturezas do que outras.
A natureza, sem o homem, não tinha problema
nenhum para resolver e, com o homem, também não, a não ser a tal natureza do
homem que é "contra a natureza", ou que não aceita a natureza e que não
se limita a ser natural, sendo, além disso, moral, religioso, político, mais
caracterizado pelo "dever-ser", que o atormenta, do que pelo "ser",
que não atormenta nada nem ninguém.
A natureza não sabe, nem tem essa coisa do
"dever-ser".
O ateu e o naturalista também não deviam ter e deviam
estar perplexos com o mundo cada vez mais feito/desfeito de dever-ser. A
começar pelo ateu e pelo naturalista, que não se limitam a ser, mas têm um
discurso, ideias, conceitos, ideais, ideologias, "morais".
O porquê
dos naturalistas e dos ateus ainda é mais indecifrável, apesar de todo o
arsenal científico e técnico disponível, do que o já antiquíssimo porquê dos
que acreditam no sobrenatural.
E o para quê, o propósito, a finalidade da
natureza, até para eles é algo central e imprescindível. Não que eles
reconheçam ou apontem, ou acreditem, em alguma finalidade, porque não encontram
nenhuma relação causal, necessária, "construtiva", entre os primeiros
átomos e o homem. Para eles nada faz sentido, nada tem sentido, tudo é obra do
acaso.
E também aqui é a natureza a pensar e a dizer sobre si própria que não
sabe quem é e que todos os seus poderes lhe vêm como se fosse do nada, que também
não sabe o que é e que talvez chame nada ao sobrenatural, às forças, aos
poderes, aos fenómenos que não existiam no princípio, no big-bang, e que
passaram a existir e que, também hoje, surgem, do nada, para se
"acrescentarem" a tudo o que existe.
Desde o primeiro minuto do
big-bang até à atualidade, tudo foi surgindo sem que existisse
antes...criando...as forças, os átomos...etc., etc....E tem de ser a natureza a
interrogar-se sobre si própria, através do homem, porque não sabe de si própria
e nunca agiu em sentido nenhum, com nenhuma finalidade, ou vontade e a própria
inteligência e consciência do homem é um puro acaso, nada mais, mas um acaso
que descobre que nada é por acaso e que a natureza não se explica a si própria,
nem enquanto natureza-homem investigando e refletindo...
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