sábado, 25 de junho de 2016

Jogo da vida (valores e virtudes)


Há que trabalhar para resgatar o homem e a humanidade da situação humilhante em que hoje, talvez mais do que nunca, nos encontramos.
Conduzir a humanidade é uma expressão com sentido, mas não passa disso. A humanidade não se conduz, porque não é condutível e porque não há quem fosse capaz de o fazer. Se alguém tentou fazê-lo, o mais que fez foi agregar um grupo em torno de um objetivo concreto e mais ou menos definido, no tempo e no espaço.
Os poderes, as instituições, as religiões, as culturas...e o estilo de vida, com seus hábitos de consumo e suas expectativas, as promessas propagandísticas, os aliciamentos, acenos publicitários e modelos de sucesso socioprofissional, ditam grande parte do que devemos pensar e do que devemos viver e, até, do que devemos sentir. A subjugação é de tal ordem que, ela própria, nos é apresentada como o jogo da vida, o único jogo que vale a pena. Recursos, matéria-prima, otimização, mais-valia, competitividade, empreendedorismo, lucro, são as virtudes deste tempo apressado, que vieram substituir (e matar) as virtudes de outros tempos com mais tempo.
Quem for capaz, ou tiver a oportunidade de trocar tempo por dinheiro, ou dinheiro por tempo, se optar por ter mais tempo para pensar, pode refletir não só sobre o que devemos pensar, mas também sobre como devemos pensar; não só sobre o que devemos viver, mas também sobre como devemos viver; não só sobre o que devemos sentir, mas também sobre como exprimir o que sentimos.
Temos de conseguir pôr fim à balbúrdia e ao estapafúrdio dos pifos mirabolantes que logram fazer girar tudo na roleta do dinheiro que eles dominam.
Os valores de troca são algo de abstrato e complexo que depende de fatores especulativos, que têm vindo a transformar-se no jogo da vida.
Espero que os valores de uso (e não os valores de troca) tenham a palavra mais importante a dizer sobre a condução da humanidade.


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