quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Nada que não seja

Se eu soubesse não diria Nada que não seja Poesia Nada que não saibas Que eu não sabia Não direi nada Sei Extenso dia Até onde alcança A vista A fantasia A alma Que vê ausências Onde há As dela As outras não Direi por dizer Pelo prazer De ouvir-me E de crer Que a palavra não faz Falta Em vão.

Ateísmo e naturalismo


Vamos colocar as questões da seguinte forma: nós não aceitamos a natureza, o ser da natureza, que é um "sendo" contra o qual, sendo nós natureza, não era suposto estarmos, mas somos a natureza "suicida", um produto da natureza. 
O homem não se limita a ser e esse é o problema: o homem não é. 
A natureza que produz o homem não tem que, nem precisa de, se queixar. O homem também não, a não ser de si próprio, ou da sua natureza, mas isso é completamente estranho à natureza. 
Ou então temos mais do que uma natureza na natureza e há naturezas que são mais ou menos naturezas do que outras. 
A natureza, sem o homem, não tinha problema nenhum para resolver e, com o homem, também não, a não ser a tal natureza do homem que é "contra a natureza", ou que não aceita a natureza e que não se limita a ser natural, sendo, além disso, moral, religioso, político, mais caracterizado pelo "dever-ser", que o atormenta, do que pelo "ser", que não atormenta nada nem ninguém. 
A natureza não sabe, nem tem essa coisa do "dever-ser". 
O ateu e o naturalista também não deviam ter e deviam estar perplexos com o mundo cada vez mais feito/desfeito de dever-ser. A começar pelo ateu e pelo naturalista, que não se limitam a ser, mas têm um discurso, ideias, conceitos, ideais, ideologias, "morais". 
O porquê dos naturalistas e dos ateus ainda é mais indecifrável, apesar de todo o arsenal científico e técnico disponível, do que o já antiquíssimo porquê dos que acreditam no sobrenatural. 
E o para quê, o propósito, a finalidade da natureza, até para eles é algo central e imprescindível. Não que eles reconheçam ou apontem, ou acreditem, em alguma finalidade, porque não encontram nenhuma relação causal, necessária, "construtiva", entre os primeiros átomos e o homem. Para eles nada faz sentido, nada tem sentido, tudo é obra do acaso. 
E também aqui é a natureza a pensar e a dizer sobre si própria que não sabe quem é e que todos os seus poderes lhe vêm como se fosse do nada, que também não sabe o que é e que talvez chame nada ao sobrenatural, às forças, aos poderes, aos fenómenos que não existiam no princípio, no big-bang, e que passaram a existir e que, também hoje, surgem, do nada, para se "acrescentarem" a tudo o que existe. 
Desde o primeiro minuto do big-bang até à atualidade, tudo foi surgindo sem que existisse antes...criando...as forças, os átomos...etc., etc....E tem de ser a natureza a interrogar-se sobre si própria, através do homem, porque não sabe de si própria e nunca agiu em sentido nenhum, com nenhuma finalidade, ou vontade e a própria inteligência e consciência do homem é um puro acaso, nada mais, mas um acaso que descobre que nada é por acaso e que a natureza não se explica a si própria, nem enquanto natureza-homem investigando e refletindo...