sábado, 4 de outubro de 2014

A verdade vivida e o conhecimento disponível


Deus eliminou os deuses. 
Mas a realidade ainda não foi compreendida. 
Ninguém ainda conseguiu sequer explicar minimamente a realidade, nem com toda a produção científica, nem com a fé.

A facilidade com que alguns ateus aderem a frases feitas sem consistência e insustentáveis, de qualquer ponto de vista, é reveladora de uma atitude prejudicial perante o conhecimento e, especialmente, perante a religião. 
A religião não é como os ateus a pintam. Deus também não. A ciência idem. Fica-se com a sensação de que estão a fantasiar acerca de guerras dos tronos. 

O que um cientista da física, por exemplo, diz sobre Deus tem o valor que tiver, não por ele ser cientista, mas pelo significado e consistência do que afirma. 
Ainda assim, dizer que toda a realidade é uma manifestação da existência de Deus é uma posição de fé que não foi nem é posta em causa por nenhuma conclusão científica, pelo contrário, o espírito científico é essa abertura ao conhecimento exigida pelo pensamento racional. 
Só com grandes artifícios retóricos e pseudocientíficos se pode pretender encerrar a inteligência e o pensamento científico dentro das malhas do dogmatismo ateu "negador".
A fé é história, afirmadora, mobilizadora, construtiva, ativa. 

Qualquer que seja a explicação científica para o funcionamento das coisas, do universo, isso não interfere com a história, com as histórias de que somos "feitos". 
A fé convive perfeitamente com todo o tipo de perguntas e respostas sérias, válidas, acerca da realidade da própria fé. Isto é espírito científico, não pela ciência em si, mas pela realidade das coisas e pela verdade das pessoas. 
À fé não interessa o conhecimento pelo conhecimento. Interessa a verdade vivida, com o conhecimento disponível.

Inconcebivelmente, alguns pretensos cientistas dizem-se/sentem-se incomodados com o espírito científico, com a abertura da inteligência para lá do seu quintal do big-bang, da física ou da química. Chamam a essa abertura especulação ou, no caso de alguns mais arrogantes e provocadores, ficções desnecessárias. Não obstante, a vida deles é uma prova de que há mais mundo para lá do mundo da física e da química.